4 de dezembro de 2024

Bares e restaurantes de Buenos Aires dão descontos para ciclistas

Grafite de ciclistas no bar Soria mostra que donos são adeptos das bicicletas
Grafite de ciclistas no bar Soria mostra que donos são adeptos das bicicletas

Bares e restaurantes de Buenos Aires estão oferecendo descontos ou promoções para os clientes que chegam em bicicletas. A iniciativa ocorre no momento em que cresce a extensão das ciclovias na cidade e a preocupação com o meio ambiente.

A tendência das promoções especiais para ciclistas começou no ano passado em bares, restaurantes e festivais de música. Os próprios donos de alguns desses estabelecimentos adotaram o veículo em seu cotidiano.

As sócias do restaurante La Apasionada, no bairro de Vicente López, na província de Buenos Aires, disseram que oferecem descontos de 15% para os que chegam de bicicleta.

“Nós decidimos oferecer o desconto para apoiar os usuários do veiculo e defender o meio ambiente”, disseram Flor Aprile e Ana Camblor.

O restaurante está a cerca de quinze quarteirões das ciclovias, mas em uma região onde é cada vez mais comum se deslocar de bicicleta, não só para passeio.

Já na entrada ao local, afirmou Aprile, é possível ver quem chega pedalando e receberá o desconto na hora de pagar a conta. “Além do desconto, nos preocupamos em ter uma área para o estacionamento das bicicletas”, disse.

Chá grátis – A rede de chás, sucos e saladas Tea Connection, presente em vários bairros de Buenos Aires, oferece estacionamento aos ciclistas. Para eles, o “segundo chá é grátis”, como contou o gerente de um restaurante da rede no bairro da Recoleta.

Os donos do bar Soria, no badalado bairro de Palermo, costumam ir de bicicleta ao trabalho e incluíram estacionamento para o veiculo no estabelecimento.

“Achamos que a bicicleta oferece um pacote de benefícios para qualquer pessoa. É saudável, econômica e com ela não se depende de transporte publico”, disse Hernán Buccino, um dos donos do bar.

No Soria, o grafite de uma bicicleta, assinado pelo grafiteiro argentino Mart, já indica o perfil dos donos e frequentadores. Os clientes do local têm entre 25 e 35 anos.

Quando os dois estacionamentos para bicicletas (eles têm capacidade para doze bikes e lotam rapidamente) estão ocupados, as bicicletas são presas com cadeados nos postes do bairro.

“Acho que as ciclovias ajudaram a esse comportamento na cidade”, disse Buccino.

Shows – Na Argentina, ciclistas também não pagam para assistir alguns shows musicais, como nas noites de sexta-feira na discoteca Studio Croba, nos bosques de Palermo – organizadas pelo coletivo MSTRPLN (Masterplan).

“As pessoas que entram com as bicicletas não pagam. Mas a maioria ainda chega de carro ou de táxi”, disse Andii Dieciséis, organizador do MSTRPLN, que também costuma se locomover em bicicleta.

A onda de viajar em bicicletas gerou outras iniciativas como o mapa mostrando as promoções para os ciclistas no site ‘La Vida em Bici’ (‘A vida de bicicleta’). O mapa inclui ainda informações úteis como onde estacionar, onde existem ciclovias e outros dados.

Ciclovias – Nesta semana, autoridades de Buenos Aires anunciaram que a cidade já conta com cem quilômetros de ciclovias (o município de São Paulo possui 63,5 km, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego) e que outros trinta quilômetros deverão ser agregados ainda em 2013.

As ciclovias começaram a ser construídas em 2009 e desde então, segundo estimativas oficiais, o total de usuários de bicicletas na cidade quintuplicou.

Além daqueles que circulam com a própria bicicleta, cerca de 60 mil pessoas pedalam em mil bicicletas amarelas distribuídas para empréstimo em 28 estações em vários bairros de Buenos Aires.

O uso delas é possível para quem se inscreve no sistema oficial. Cada estação conta com um atendente e um computador com os dados do usuário. E, como ocorre com o trânsito nas grandes cidades, o ‘rush’ é frequente nas manhãs e fins de tarde.

Esses ciclistas usam as bicicletas públicas como forma de complementar a viagem entre a estação de metrô ou o ponto de ônibus e o local de destino e outras vezes do inicio ao fim da viagem – como os que moram no bairro da Boca e trabalham em Palermo, por exemplo.

O pacote de medidas do governo da cidade para estimular o uso de bicicletas como transporte inclui um acordo com o banco Ciudad para a venda de bicicletas em até cinquenta parcelas sem juros.

De acordo com dados oficiais, são feitas 150 mil viagens de bicicleta por dia na cidade de Buenos Aires. Segundo analistas, elas estariam contribuindo, mesmo que ainda timidamente, para aliviar o trânsito de veículos e uso do transporte público – além de levarem os portenhos a fazerem exercícios.

Fonte: Revista da Bicicleta

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