Comerciante local atende na loja e tem um site especializado. Depósito da Polícia Civil no município, tem mais de 100 armazenadas
Em muitas cidades pedalar é apenas um hobby, uma diversão. Mas no município de Tarauacá, no interior do Acre, a cerca de 453 km de Rio Branco, capital do estado, essa atividade é rotina para a maior parte da população, estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em cerca de 36.763 mil pessoas no ano de 2012.
Os números não são confirmados, mas quem fala sobre o assunto acredita que no município há mais bicicletas do que qualquer outro meio de transporte. O proprietário de uma loja especializada na venda desse veículo na cidade, Ivan José Barros afirma que a situação é vista com espanto pelos turistas.
“Todo mundo que não mora no município, principalmente em época de evento, fica impressionado com a quantidade de bicicletas circulando pelas ruas. Mas assim, não é que tenha bicicleta demais, é porque a cidade é pequena. É pelo fato da proximidade entre os locais. A cidade é muito plana e teoricamente tudo é perto. É um meio de transporte econômico e mais saudável que tem”, observa.
Barros conta que atualmente vende cerca de 80 bicicletas por mês. Apesar disso, avalia que o mercado já esteve melhor. A causa da queda nas vendas, segundo ele, foi o surgimento de outras lojas voltadas para o mesmo segmento. Em média, o preço do produto no mercado local varia entre R$ 350 e R$ 650, dependendo do modelo.
“Temos hoje pelo menos dez lojas que vendem bicicletas na cidade. No mês de dezembro, por exemplo, cheguei a vender 180, mas diminuiu muito, era bem melhor,” destaca o comerciante, que além da loja, possui um site especializado na venda do meio de transporte para atender a cidade de Tarauacá e o município próximo, Jordão.
“Acho uma maravilha”, destaca morador – O aposentado José Galvão (75), nascido e criado em Tarauacá, todos os dias no fim da tarde fica sentado na calçada em frente da sua residência observando o movimento. Ele considera muito interessante a maioria dos moradores da cidade utilizar bicicleta como meio de transporte.
“Acho uma maravilha, isso é muito bom. Aqui a cidade é plana, boa para andar de bicicleta e têm muitas aqui. Eu admiro”, comenta Galvão que diz acreditar que há mais bicicletas do que automóveis na cidade.
A estudante Cláudia Sousa de Oliveira (24) considera que o uso da bicicleta pelos moradores é motivado pela baixa renda da maior parte da população e por conta da questão cultural. “É o meio de transporte que temos, porque a maioria da população é pobre e também porque muitas pessoas gostam, pois serve para praticar atividades físicas. Levo minha filha para escola, vou para todos os lugares de bicicleta. Acho que aqui tem mais bicicleta do que carro”, declara.
Problemas: trânsito prejudicado e depósito lotado
A grande quantidade de bicicletas circulando pela cidade, no entanto, também acarreta alguns problemas para os motoristas.
O jornalista Reginaldo Palazzo relata que os ciclistas muitas vezes desrespeitam os condutores de automóveis ocupando os dois lados de algumas vias o que acaba prejudicando o fluxo dos veículos.
“Ficam na frente dos carros como se fossem os donos das ruas. No horário de saída da escola de ensino médio, que fica perto do aeroporto, no período da tarde é um absurdo o que se vê. Eles tomam os dois lados da rua e não estão nem aí para os carros”, critica.
Outro problema identificado é o número de bicicletas que estão armazenadas em um espaço na Delegacia de Polícia Civil do município. Segundo informações fornecidas pela Polícia Civil local, mais de 100 estão guardadas no local. Algumas são produto de furtos que foram recuperadas e os donos não apareceram para reclamar, outras foram apreendidas ou estiveram envolvidas em acidentes.
A Polícia Civil ressalta que para recuperar sua bicicleta o proprietário precisa comparecer à delegacia com a nota fiscal do produto. Se isso não acontece, ela vai ficando armazenada até que seja autorizada pela justiça a realização de um leilão.
Fonte: G1