24 de novembro de 2024
O estudante Giovani Vieira e a bicicleta movida a hidrogênio: ela não usa bateria, ao contrário de outros modelos elétricos

Estudante curitibano cria bicicleta movida a água

Modelo que funciona a partir da reação entre hidrogênio e oxigênio

O estudante Giovani Vieira e a bicicleta movida a hidrogênio: ela não usa bateria, ao contrário de outros modelos elétricos
O estudante Giovani Vieira e a bicicleta movida a hidrogênio: ela não usa bateria, ao contrário de outros modelos elétricos

Há um mês circula pelas ruas de Curitiba uma bicicleta com motor movido a água. O modelo, em teste, seria o único do Brasil. O estudante Giovani Gaspar Vieira, 28 anos, idealizador do projeto, conta ter visto um semelhante apenas no Japão. Existem vários modelos de bicicletas elétricas no mercado e alguns até usam hidrogênio, mas todos têm uma bateria para armazenar a energia elétrica. O desejo de Giovani é ver os projetos para o transporte alternativo de Curitiba para a Copa do Mundo de 2014 contemplarem o uso da bicicleta ecológica.

No quadro da bicicleta fica armazenado um pequeno cilindro com hidrogênio. Na parte traseira há uma célula combustível que utiliza o gás para fazer uma reação com o oxigênio do ar, obtendo como resultado a geração de energia elétrica. O resíduo é apenas vapor de água. O motor é acionado somente quando o ciclista tem dificuldade de vencer obstáculos, como subidas, tão comuns em Curitiba. No restante do percurso, apenas os pedais são suficientes para mover a bicicleta.

A velocidade máxima é de 80 quilômetros por hora, mas seu inventor limitou-a a 35 km/h. Embora tenha acelerador, o motor só funciona quando o condutor está pedalando. O investimento no protótipo foi de R$ 8 mil, mas a fabricação em larga escala permitiria que o modelo fosse vendido por menos de R$ 3 mil. Estudante do mestrado em engenharia mecânica com ênfase em manufatura, Giovani busca parcerias ou investidores para viabilizar comercialmente seu projeto.

Reabastecimento – O principal desafio para os idealizadores de modelos alternativos de transporte é oferecer aos usuários uma rede logística que permita reabastecer os veículos.

Cilindro fica no quadro da bicicleta
Cilindro fica no quadro da bicicleta

Por isso, Giovani imaginou postos de recarga distribuídos pelos vários pontos turísticos e nas proximidades de terminais de transporte coletivo. Com a captação de água da chuva e o uso de placas de energia solar, as células para a conversão de hidrogênio seriam acionadas. Assim, não haveria qualquer custo para o usuário nem a necessidade de usar algum tipo de energia fóssil ou elétrica.

A paixão de Giovani pelas bicicletas é movida por muita ambição. Ele, que se apresenta como o presidente para o Brasil da Neshy – empresa da qual é o único integrante – esteve em diversos países pesquisando modelos de bicicleta sustentáveis: em feiras no Japão e na Alemanha, encontrou alguns protótipos e, da Itália, trouxe o exemplar que passou pela adaptação. Em visita à Holanda, que incentiva o uso de bicicletas por meio de políticas públicas, veio a inspiração para o modelo de posto de recarga, que serve de estrutura para o sistema de locação de bicicletas.

Sem bateria – O inventor da bicicleta movida exclusivamente a hidrogênio optou por não fazer um modelo com bateria. É isto o que emperra ainda hoje o desenvolvimento em larga escala de automóveis elétricos. Existem no mundo reservas insuficientes de lítio – principal metal usado nas baterias. O mineral é encontrado principalmente na Bolívia, no Chile e no Afeganistão. Mas sua exploração não é simples. As baterias têm curto tempo de vida e no momento do descarte geram grandes danos ambientais.

Há vários modelos de bicicleta elétrica disponíveis. Uma pesquisa rápida na internet mostra que os preços variam, em média, de R$ 1,5 mil a R$ 3 mil. A bicicleta elétrica encontrada no mercado leva aproximadamente seis horas para ser recarregada, enquanto a movida a hidrogênio depende apenas da substituição do cilindro. Sem o posto de recarga, o usuário teria de comprar a carga de revendedores de hidrogênio. A autonomia é de aproximadamente 70 quilômetros rodados – equivalente a sete viagens de ida e volta do Centro de Curitiba ao bairro do Batel. O hidrogênio não produz gases de efeito estufa e tem armazenamento seguro. O primeiro posto de recarga de hidrogênio será instalado no escritório verde que está sendo construído na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) com funcionamento previsto a partir de agosto. (KB)

Fonte: Gazeta do Povo

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