Oito banqueiros britânicos vestidos com roupas laranjas com os nomes de personagens de J.R.R. Tolkien bordados no peito estavam em Amsterdã para comemorar uma despedida de solteiro (Frodo iria se casar). Eles tinham acabado de fazer um passeio pela cidade na bicicleta de cerveja. “Arwen caiu!”, disse Pippin. “Ele quase se matou!”
“Meninas correram atrás de nós!” disse Gandalf.
“Bom”, Pippin salientou, “elas na verdade queriam uma carona.”
“Não importa”, disse Aragorn, o padrinho. “Falamos com mulheres. Foi ótimo.”
Uma espécie de pub sobre rodas, a bicicleta da cerveja – que na Europa é geralmente, mas nem sempre, dirigida por um funcionário da empresa de turismo ao invés de um dos foliões – parece ter sido inventada na Holanda, no final dos anos 1990.
Mas nos últimos anos, a bicicleta – diversamente promovida como um lubrificante social, uma forma original e ambientalmente correta para conhecer uma cidade e uma alternativa saudável que queima mais calorias que apenas se sentar em um bar – expandiu seu apelo para além da fronteira da Holanda, chegando a vários países europeus e aos Estados Unidos.
“Somos humanos”, disse Karsten Ard, que começou a construir bicicletas de cerveja e a fazer passeios pela capital holandesa em 2005. “Apreciamos as coisas boas da vida.”
Karsten instalou um novo barril de cerveja em sua bicicleta azul brilhante de 6 metros de comprimento e 680 quilos, que pode atingir velocidades de 8 km/h e acomodar 12 pilotos em assentos de bicicleta regulares em torno de um bar de madeira, do qual a cerveja é tirada. Um banco na parte traseira da bicicleta possibilita mais espaço para outros assentos.
Mas a bicicleta de cerveja está se tornando cada vez mais internacional. “Recebemos pedidos de países dos quais nunca tinha ouvido falar”, disse Zwier van Laar, holandês que alega ter inventado a primeira bicicleta de cerveja, em 1997, para ajudar o dono de um pub a promover seu estabelecimento em um desfile local.
Udo Klemt, um advogado alemão, viu sua primeira bicicleta de cerveja durante uma viagem para a Holanda. “Apaixonei-me por ela imediatamente”, disse ele, que importou uma das bicicletass de Van Laar para Colônia em 2005.
Dois anos depois, Klemt fundou a empresa BierBike, que oferece passeios em bicicletas de cerveja holandesa em cerca de 30 cidades na Alemanha e Budapeste. “É realmente muito divertido andar em uma dessas bicicletas”, disse. “Tenho planos para divulgá-las no mundo inteiro”.
James Watts, um americano que trabalha na indústria de software, viu uma das bicicletas durante suas férias em Colônia há dois anos. “Eu disse ‘Eu vou trazer uma dessas de volta para Oregon’”.
Nos Estados Unidos, Watts construiu o primeiro pub sobre rodas e, logo em seguida, juntou-se a Karsten para importar a tecnologia da bicicleta holandesa. Até agora eles construíram bicicletas para as cidades de Reno, Boise, Portland, Madison, Tucson, Denver, Santa Monica e Redondo Beach, na Califórnia. Van Laar disse que vendeu 11 bicicletas de cerveja nos Estados Unidos. Pelo menos uma empresa americana, a Caztek, sediada em St. Paul, Minnesota, começou a construí-las no ano passado.
No entanto, as bicicletas de cerveja não são bem-vindas em todos lugares. Munique as proibiu em agosto e elas precisam de autorização especial para operar em Duesseldorf. Michael Zimmermann, chefe da agência regulamentar pública de Duesseldorf, disse que as bicicletas bloqueavam a passagem pelas ruas estreitas da cidade velha, causando congestionamentos, e que a gritaria dos usuários incomodava muito.
Os operadores insistem que regras claras são a solução para o comportamento desordeiro. Por exemplo, “se alguém não consegue andar, essa pessoa não pode subir na bicicleta”, disse Karsten.
Ou, como disse Ulrich Hoffmann: “Você pode tirar sua camisa, mas você não pode tirar suas calças.”
Até mesmo em sua terra natal, as bicicletas não são universalmente populares. “Não andaria em uma de jeito algum”, disse Machteld Ligtvoet, porta-voz do conselho de turismo de Amsterdã. “Não é algo que fazemos questão de promover.”
Por Sally McGrane
Fonte: Último Segundo