22 de novembro de 2024

Como comprar uma bicicleta usada sem arrependimento

Comprar bicicletas usadas em lojas especializadas pode ser uma boa opção
Comprar bicicletas usadas em lojas especializadas pode ser uma boa opção

Comprar uma bicicleta usada pode vir a ser uma boa opção, desde que tomemos alguns cuidados ao fazê-lo. Listamos aqui algumas dicas importantes para fazer um bom negócio, longe das eventuais dores de cabeça:

Sobre a procedência da bicicleta

A questão da bicicleta roubada é um problema muito maior que simplesmente uma questão ética, moral ou até legal. Quando uma sociedade aceita este tipo de desvio social as conseqüências costumam ser graves e atingir a todos, e não só quem foi roubado. Infelizmente vivemos no Brasil com uma violência que deve ser considerada uma guerra civil e uma das bases é justamente a falta de compreensão de boa parte da sociedade de que pirataria e receptação é o que realmente sustenta toda a barbárie. A questão do mercado de bicicletas roubadas é tão grave que países como a Holanda tem no controle deste crime um dos pontos principais de sua política interna.

Importantíssimo: Tenha absoluta certeza da origem da bicicleta. Produto roubado é crime de receptação e mesmo neste Brasil de justiça muito falha e precária é confusão certa e sacanagem social. Exija sempre a nota fiscal ou comprovante de procedência da bicicleta.

Enfim, duvidou, não compre!

Dicas para uma boa compra:

  • Qual será o uso da bicicleta? Meio de transporte, lazer, esporte, cicloturismo… Escolha o modelo certo.
  • Qual o tamanho da bicicleta? Evite um tamanho inadequado para o ciclista.
  • Tenha paciência – não compre por impulso
  • Peça ajuda quando não tiver conhecimento
  • Teste várias antes de fechar o negócio

Onde comprar?

É mais garantido comprar de bicicletaria porque:

  • Bicicletarias honestas, as únicas recomendáveis, tomam muito cuidado com o que recebem e comercializam
  • A responsabilidade de uma possível receptação de roubo é da bicicletaria
  • Pela lei brasileira, o Código do Consumidor, a bicicletaria é obrigada a dar garantia. A maioria das bicicletarias entretanto, desconhece a lei.
  • Peça sempre documento de compra e garantia do produto
  • Se for comprar de particular peça a nota fiscal original. Caso ele não a tenha, peça documento de procedência da bicicleta.

Verificação geral da bicicleta

  • O primeiro passo é passar os olhos no geral e não se impressionar com brilhos e limpeza.
  • Procure por amassados ou arranhados profundos no quadro
  • Verifique as condições do tubo próximo à corrente. Se houver algum protetor instalado no tubo, peça para o vendedor retirá-lo.
  • Fique na frente da bicicleta e feche um olho (olhar de alinhamento de marceneiro) para ver se tudo está alinhado
  • A bicicleta não deve ter grandes folgas, e se as tiver, que sejam pequenas e não barulhentas.
  • Busque informações sobre como o antigo proprietário pedala, se ele é suave, bom ciclista e cuidadoso com o equipamento. Provavelmente terá uma boa indicação sobre como está a bicicleta.
  • Trincas, amassados ou algo estranho: olhe quadro e garfo com cuidado para ver se não há nenhuma trinca, amassado ou qualquer outro problema. O mais crítico costuma ser próximo da caixa de direção, movimento central e gancheira traseira
  • Pedale a bicicleta e solte a mão do guidão para ver se ela está alinhada. Alinhada ela segue em linha reta
De acordo com o Código de Defesa do consumidor, lojas que comercializam bikes usadas são obrigadas a dar garantia
De acordo com o Código de Defesa do consumidor, lojas que comercializam bikes usadas são obrigadas a dar garantia

Verificação das rodas da bicicleta

  • Gire as rodas e veja o alinhamento e se há alguma deformação por batida ou buraco
  • Retire as rodas do quadro e gire os eixos com a ponta dos dedos e sentirá como estão os rolamentos. Uma pequena folga costuma não ser problema. Problema é sentir que o eixo não roda toda volta com constância. Verifique se o eixo não está torto.
  • Verifique o desgaste dos aros: as paredes dos aros não devem apresentar marcas das sapatas de freio. Aros muito desgastados apresentam concavidade na parede externa, sinal de que as sapatas de freio já gastaram o metal dos aros. A partir de certo ponto de desgaste pode haver a quebra do aro. Alguns aros mais modernos, para freios com sapatas, tem um friso em cada lado do aro que podem indicar o desgaste do aro.
  • Cheque os raios e busque os quebrados. Se for um ou dois não é grande problema. Muitos já não é boa coisa
  • Peça para calibrar os pneus e só então olhe a condição dos pneus, desgaste de banda de rodagem e possíveis cortes na lateral
  • Depois de calibrado o pneu dê um tempo para ver se não esvazia ou perde pressão

Coroas, relação e corrente:

  • Se os dentes de alguma engrenagem (coroas, cassete ou catraca) estiverem pontiagudos é sinal de desgaste e necessidade de troca
  • Olhe a posição que está a corrente na frente e atrás. Veja se a coroa e engrenagem onde está apoiada a corrente não estão mais gastas ou deformadas que as outras. Normalmente isto acontece com a coroa pequena da frente, ou a do meio, e as engrenagens menores de trás. Significa que o antigo proprietário não trocava as marchas, o que é muito comum.
  • Veja se os elos da corrente estão casando com os dentes das coroas da pedivela. Um pouco de folga não é problema. Se a corrente não encaixa mais o custo do conserto pode ser caro.
  • Engate a corrente na coroa do meio da pedivela. Puxe a corrente para frente com força, afastando a corrente da coroa. O ideal é que a folga máxima deixe passar um lápis entre a corrente e a coroa. Corrente nova não é cara e se for o caso troque sem pensar.
  • O cassete ou catraca não pode ter movimento lateral acentuado. Uma folguinha até é normal. Acima de 2 milímetros é troca praticamente certa.
  • O sistema de câmbio normalmente é o conserto mais caro em bicicletas usadas

Câmbios e passadores de marchas:

  • As paredes internas do câmbio dianteiro não podem estar desgastadas
  • Não pode haver folga lateral acentuada no câmbio traseiro, mas um pouco de folga é normal.
  • Muito óleo ou graxa acumulada no câmbio traseiro não é bom sinal. Verifique o estado das duas roldanas: se os dentes estiverem pontiagudos ou quebrados, troque-as.
  • Pedalando na rua (o mais recomendado) ou com a bicicleta levantada do chão: Verifique se os passadores de marchas não estão travando ou pulando marchas. Eles devem funcionar perfeitamente com um único clique. Verifique depois o engate da corrente: não for um engate preciso pode ser um simples ajuste, lubrificação ou necessidade de troca de cabos.

Freios:

  • Acionar cada um dos manetes com o máximo de força possível e ver se o sistema fica firme
  • Acionar e soltar e ver se as molas dos freios ainda funcionam bem
  • Olhar o alinhamento dos freios em relação ao aro. Se algum estiver fora do alinhamento mexer com a mão para sentir o que acontece
  • Verificar condição dos cabos e sapatasPedais:
  • Preferencialmente sem ferrugem, amassado ou arranhado
  • Gire-o manualmente e verifique se ele roda suavemente
  • Os pedais não devem apresentar folgas
  • Na dúvida, troque os pedais. Uma quebra de pedal pode ser algo muito perigoso

Guidão:

  • Alinhamento deve estar perfeito
  • Busque trinca ou amassado próximo do avanço
  • Evite guidões com sinais claros de desgaste ou batidas

Selim e canote de selim

  • O canote de selim tem que ser da medida exata para encaixe no tubo de selim, ou seja, quando solto desce e sobre com facilidade
  • Canote grudado em quadro de cromo-molibdênio é sinal de falta de lubrificação ou da bicicleta ter passado um bom tempo na praia
  • Dê um tapa na ponta do selim – não pode mexer na horizontal e na lateral
  • Verifique se o canote não está empenado
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