24 de novembro de 2024
Segundo ONG Rodas da Paz, campanhas de conscientização devem ocorrer antes, durante e após construção de ciclovias

Usuários e motoristas não entendem as regras das ciclovias do DF

Governo afirma que equipes de educação de trânsito têm realizado campanhas educativas. Atualmente, onde só deveria haver bicicletas circulando, há pedestres, e muitas vezes a preferência dos ciclistas não é respeitada pelos motoristas

Segundo ONG Rodas da Paz, campanhas de conscientização devem ocorrer antes, durante e após construção de ciclovias
Segundo ONG Rodas da Paz, campanhas de conscientização devem ocorrer antes, durante e após construção de ciclovias

O Distrito Federal já conta com 170 km de ciclovias e 85 km de ciclofaixas, totalizando 255 km de pistas destinadas a bicicletas. O problema, segundo ciclistas e a ONG Rodas da Paz, é que motoristas e pedestres ainda não entendem a sinalização e, onde só deveria haver bicicletas circulando, há pedestres, e muitas vezes a preferência dos ciclistas não é respeitada pelos motoristas.

Para chegar a essa quantidade de quilômetros de ciclovias e ciclofaixas, o Governo do Distrito Federal – GDF já desembolsou quase R$ 56 milhões em obras. Apesar da quantia gasta, não houve investimento suficiente em campanhas educativas, que é o maior entrave para o não entendimento das regras, segundo a ONG.

De acordo com o presidente da entidade, Jonas Bertucci, é necessário que motoristas, pedestres e ciclistas entendam o correto funcionamento das ciclovias que já estão sendo usadas: “Tem lugares aqui em Brasília que, ao invés de o motorista parar o carro para o ciclista passar, é o contrário. Existem pedestres que correm e andam pelas ciclovias, desconhecendo que essas vias são destinadas exclusivamente a bicicletas”.

Na visão do professor do Departamento de Engenharia Civil da UnB (Universidade de Brasília), Paulo César Marques, a posição da ONG de cobrar campanhas educativas é importante. “É necessário que isso aconteça para que as pessoas entendam melhor como funcionam as ciclovias. É uma obrigação dos órgãos fazer campanhas. Com isso, a gente cria uma harmonia em todo o sistema viário”.

Conforme explicou o professor, a veiculação de campanhas educativas tende a esclarecer dúvidas que muitos pedestres, motorista e ciclistas têm. “Em muitos casos, os condutores de carros pensam que são donos da via. Mas é preciso mostrar que, pelo fato de que nem todos os lugares possuem ciclovias, os ciclistas também podem usar as pistas por onde os veículos de passeio circulam”.

Sobre essa reclamação, o GDF informou que as equipes de educação de trânsito têm realizado ações em eventos esportivos e, quinzenalmente, campanhas na Ciclofaixa do Lazer.

Em nota, o governo informou que quanto à campanha de mídia, aguardama apenas a finalização do processo de licitação para contratação de empresa de publicidade, que está sendo realizado pela Secretaria de Publicidade Institucional. “Com isso, a autarquia poderá realizar campanhas educativas de massa para ciclistas, pedestres e motoristas”, diz a nota.

Para o administrador Ricardo Machado, de 25 anos, que utiliza a ciclovia da L2 Norte, em Brasília, que está com 86% das obras prontas, é complicado pedalar no local, pois muitos pedestres usam a via. “Uma vez eu cheguei a discutir com um grupo de mulheres. Elas estavam andando aqui na ciclovia, sendo que tem uma calçada bem ao lado”.

Em relação à exclusividade, o Detran (Departamento de Trânsito) adverte que a faixa vermelha pintada nas ciclovias serve para informar que ali é local específico para bicicletas. O órgão também assegurou que não há no Código de Trânsito Brasileiro uma lei que certifique ser obrigação do motorista parar para o ciclista cruzar uma via.

A autarquia aconselha que, caso o ciclista queira ir ao outro lado da ciclovia, que seja interrompida pela pista destinada a carros, o ciclista deve respeitar o sinal de “pare” e observar se há veículos automotores cortando a pista. Para os pedestres que insistem em andar nas vias para bicicletas, não existe multa.

Questionado se deve seguir com o carro quando passa por um cruzamento de ciclovia, o empresário Paulo Teixeira, de 36 anos, que trabalha na Asa Norte, área central de Brasília, não soube responder. “Eu pensava que tinha que parar, mas achava arriscado, pois tinha medo de o carro de trás bater no meu. É bom saber que é o ciclista que deve parar e observar. Acho que o brasiliense precisa ficar mais atento sobre essas normas”.

Flagrada andando pela ciclovia da Asa Norte, a publicitária Kátia Lima Santos, de 28 anos, garantiu não saber da exclusividade. “Eu nunca imaginava. Pensei que podíamos fazer caminhada aqui na via de bicicletas. Na minha opinião, a calçada é ruim porque não tem muitas árvores para fazer sombra, mas na ciclovia é bem mais fresco. Agora vou ficar mais atenta”.

600 km até o fim de 2014 – O Distrito Federal já tem 255 km de pistas destinadas a bicicletas, mas, a promessa do governo é de que até o fim de 2014 a capital do País tenha 600 quilômetros, chegando a ser uma das líderes mundiais. Mas, atualmente, somente as regiões administrativas do DF como Sudoeste, Recanto das Emas, Santa Maria e Ceilândia estão com as obras concluídas.

Porém, os ciclistas que usam essas vias para tentar chegar ao centro de Brasília afirmam que não conseguem. É o caso do estudante Yuri Prestes, de 24 anos, que mora em Ceilãndia. Segundo ele, para chegar ao Plano Piloto, é preciso pedalar pela Estrutural, região do DF, onde não há ciclovia. “A via que foi construída em Ceilândia é boa e está bem sinalizada. O problema é que para quem utiliza a bicicleta como meio de transporte e precisa chegar ao centro de Brasília, é uma tarefa difícil, porque não há pista para ciclistas pelo caminho. A via na região foi feita somente para o lazer”.

O Comitê de Mobilidade Urbana por Bicicletas da Casa Civil do Distrito Federal informou que na Estrutural ainda não há previsão para construir uma ciclovia. Mas, na EPTG (Estada Parque Taguatinga), a Casa Civil assegurou que as obras devem começar logo, pois a Secretaria de Transportes está desenvolvendo os projetos de ciclovias em rodovias do DF. Em nota, o órgão esclareceu que nem todas as vias de bicicletas das regiões administrativas irão até o centro de Brasília. “Mas, a maioria irá. Em alguns locais, haverá a integração com outros modais de transportes, como o metrô. O objetivo do GDF é ter essa integração completa, mas isso será feito por etapas e demandará mais tempo”.

Ciclovias x Ciclofaixas – As ciclovias são vias exclusivas para bicicletas, separadas fisicamente das vias de veículos por canteiros, calçadas, muretas ou meio fio. Nas ciclovias é proibida a circulação de carros, motos e também de pedestres, garantindo que o ciclista pedale com tranquilidade e segurança. Podem ser de mão dupla ou mão única.

As ciclofaixas são espaços pintados no piso, sinalizando onde os ciclistas devem circular. Geralmente as ciclofaixas são pintadas nas ruas e avenidas e dividem espaço com os carros, dando exclusividade ao ciclista em determinadas faixas da via. Nos cruzamentos, elas registram a preferência aos pedestres, mas os carros as atravessam.

Fonte: R7

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