Por Taís Morais*
Um dia você acorda e sente que a vida não está legal. O céu está azul, mas para você ele parece cinza escuro. Não chove na rua, sim dentro do seu peito. As cores das suas roupas são desbotadas e o espelho mostra alguém que não parece em nada com quem você é normalmente. Os seus olhos ficam fundos e sua alma também. Tudo parece sem sentido, mas você não entende a razão.
Eu andei assim por muito tempo. As pessoas não entendem o monstro chamado depressão e, geralmente dizem para você não pensar na tristeza porque vai passar. Não, amigos, depressão clínica não passa assim. E por mais que você se esforce ela é uma doença difícil como outra qualquer, precisa ser tratada. Passada a fase clínica, aí sim vem o esforço pessoal de cada um. É preciso querer melhorar depois que se começa o tratamento.
Eu e minha bicicleta tivemos grandes histórias de união e separação. Foi um ‘larga e reconcilia’ danado até eu descobrir que a minha falta de interesse pelo esporte não era preguiça, sim a tal da depressão. As pessoas que me conhecem há muito tempo devem se lembrar da variação de humor que acontecia comigo. Eu transitava entre dois polos – um eufórico e outro apático. Nessa fase era que os esportes ficavam esquecidos e a coitada da bicicleta era logo rejeitada e encostada.
Para quem não sabe, a depressão afeta diretamente a percepção das nossas experiências reais fazendo-nos acreditar que nossa capacidade não é suficiente para alcançar os objetivos. É aqui que começa a desistência do que pode ser difícil. Nós, mulheres, ainda temos mais um fator que ajuda a afetar o humor. O ciclo menstrual tem papel importante nas alterações de humor.
Ah! Mas foi aqui que eu descobri que tudo isso pode ser superado, não facilmente, óbvio, mas com algum esforço vai!
Como pedalar sempre foi uma paixão, várias vezes encontrei na bike a força complementar para transpor uma doença genética muito ruim. A família sempre foi fundamental, mas a magrela sem dúvida ajudou a salvar os meus dias nebulosos.
Hoje eu agradeço aos meus pais por terem me dado minha primeira Monark (feia demais) quando eu ainda era bem pequena, pois ela vem me acompanhando por toda a minha vida e me fazendo feliz desde sempre.
Agradeço ainda ao conde francês J. H. Sivrac, que idealizou o “celerífero”, um veículo primitivo de duas rodas, ligadas por uma ponte de madeira, em forma de cavalo, e acionado por impulsos alternados dos pés sobre o chão (RIBEIRO, 2005). E também aos irmãos franceses Pierre e Ernest Michaud inventaram o pedal e o instalado num veículo de duas rodas traseiras e uma dianteira, o velocípede, que a gente usa quando criança, mas no passado foi considerado a primeira bicicleta moderna do mundo! (VIGARELLO, 1988).
Agora você já sabe, para espantar a tristeza, combater aquela depressão que parece querer te matar, queimar as calorias do sanduíche e da cervejinha, deixar as pernas mais em forma ou apenas para se divertir, pegue a sua bike. Depois disso é só pedalar rumo à felicidade!!!