Uma das perguntas mais frequentes e que causam mais polêmica é: qual o melhor formato de rodas, 26 ou 29 polegadas? Para se fazer uma comparação justa, o ideal é que ambas as bicicletas possuam as mesmas características e componentes. A oportunidade surgiu com o lançamento da linha Trail da marca norte-americana Cannondale, que oferece dois modelos com as mesmas configurações de peças e componentes e geometria similar.
Tecnicamente falando, a única diferença entre os modelos está no tamanho de suas rodas, já que o modelo Trail SL 2 possui rodas de 26 polegadas, enquanto a Trail SL 29 2 vem rodas de 29 polegadas. Confira nas próximas linhas, as diferenças entre os dois formatos:
Perfil – Trata-se de uma linha de bicicletas voltada para a utilização em trilhas recreativas. Sendo assim, o perfil ideal do usuário é aquele que se diverte mais em um singletrack no meio do mato do que em uma volta pelo parque de sua cidade.
Quadro e geometria – Ambos modelos tem por base um quadro hardtail de alumínio de duplo triângulo tradicional, construído com a tradicional técnica de dupla soldagem da Cannondale, que resulta em um acabamento suave entre os tubos, sem marcas de soldagem. no modelo 29 polegadas, o tubo superior sloped encontra-se com os seatstays em um ângulo tão próximo que parecem até ser um único tubo. As duas bikes possuem a caixa de direção com a medida de 1.5 polegadas, o que significa que elas são compatíveis tanto com os garfos tradicionais quanto com os amortecedores Cannondale Lefty. Os chainstays partem do tubo da caixa de centro em forma ovalada, ficando no formato achatado no meio de seu comprimento. Este formato, denominado SAVE pela Cannondale, supostamente aumenta a rigidez lateral enquanto oferece um mínimo de flexibilidade do triângulo traseiro para um maior conforto do ciclista
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Componentes – As configurações de peças e componentes são praticamente as mesmas em ambos os modelos, com exceção do amortecedor dianteiro. No modelo com aros 26″ é utilizada uma suspensão RockShox Recon, enquanto que na versão 29er optou-se por uma RST Deuce 29. Ambos amortecedores utilizam sistema ar/óleo, com ajuste externo de retorno/travamento. As diferenças param por aí. Tanto a Trail SL 2 quanto a Trail SL 29 2 utilizam freios hidráulicos a disco e câmbios Shimano, grupo transmissor de 3 x 9 velocidades, gancheira substituível, guidões com o mesmo comprimento, manoplas do tipo lock-on e pneus Kenda Small Block 8.
Como funcionam – Uma das principais vantagens destes modelos é a sua simplicidade de funcionamento. Ajuste o SAG do amortecedor para 20%; posicione o ajuste de retorno na posição intermediária; Ajuste a altura correta do selim e cheque a pressão dos pneus. Isto é tudo que você precisa fazer antes da primeira pedalada. Depois disto, checar frequentemente a pressão dos pneus será sua única preocupação.
Ergonomia – Para o teste realizado, foram utilizadas bicicletas no tamanho M. E aí já começam as diferenças na prática. Vamos a elas:
Trail SL 2: Este quadro acomoda ciclistas com uma proporção média com até 1,75m de altura. O guidão possui o mesmo comprimento que o modelo aro 29 e caso necessário, deverá ser encurtado em alguns centímetros conforme a preferência do usuário. O peso do ciclista fica posicionado bem para trás, quase centrado na roda traseira. A altura do movimento central passa a impressão de ser baixo em relação a outros modelos de bike.
Trail SL 29 2: Por possuir o tubo superior meia polegada mais comprido, a SL 29 poderá acomodar confortavelmente um ciclista alguns centímetros mais alto. Embora na maioria das 29ers o guidão possa em um primeiro momento parecer alto, isto não ocorre na Trail SL 29. É claro, é mais alto que no modelo 26″, mas de forma nenhuma fica desconfortável. O peso do ciclista fica centrado na bicicleta. Apesar da mediida do tubo do movimento central ser mais baixa que o modelo 26″, a diferença na medida das rodas deixa o modelo 29er mais alto em relação ao solo.
Pedalando – As diferenças aqui estão longe de serem sutis. Tanto ciclistas iniciantes quanto experientes irão sentir a performance superior da SL 29 imediatamente.
Trail SL 2: ASL 2 dispara pelas trilhas como se estivesse em um circuito de corridas. A combinação de guidão largo, quadro rígido e grupo transmissor Shimano transformam a força de suas pedaladas em impulsão total a frente. A bike acelera rápido e exige atenção do ciclista para a escolha do melhor caminho. Isto não é necessariamente um problema, já que a SL 2 é, além de rápida, ágil. Seu usuário se sentirá totalmente no controle na trilha.
Não há o menor alívio para o ciclista que ficar sentado o tempo todo em terrenos irregulares. Ou ele sai de cima do banco ou ficará com o traseiro dolorido. Por outro lado, a rigidez do quadro ajudará bastante nas arrancadas e em estradas de terra.
Trail SL 29 2: O modelo 29er não é o papa-léguas, mas também está longe se ser lenta. Comparativamente com o modelo 26″, o ciclista precisa utilizar uma marcha mais leve para compensar, o aumento do peso e do diâmetro da roda, o que significa uma arrancada mais lenta ou um maior esforço para se atingir a velocidade de cruzeiro.
Uma vez atingido um nível confortável entretanto, a SL 29 mantém o ritmo muito mais facilmente que a SL 2. Pedras e raízes que precisam ser evitados na SL 2 são transpostos sem maiores problemas na SL 29.
Curvas – Ponto para as 26″ neste quesito:
Trail SL 2: Aqui, menos é mais. A SL 2 é uma bike que faz curvas fechadas respondendo muito bem ao usuário com uma confiança que só é limitada pelo modelo de pneu utilizado (Kenda Small Block). Além de sua agilidade, sua rápida aceleração presta-se melhor a trilhas estreitas e sinuosas que o modelo 29er.
Trail SL 29 2: As rodas significativamente maiores diminuem sua performance nas curvas mais fechadas, porém é bom deixar claro que a bike não chega nem perto a ser lenta ou desajeitada, longe disso. Por possuir uma superfície de contato com o solo maior que a 26″, permite que o piloto aumente a velocidade nas curvas ao sair do selim e projetar seu corpo.
Subidas – Uma verdadeira surra aplicada pelo modelo com rodas grandes:
Trail SL 2: Em subidas técnicas não demora muito para se perder a tração na roda traseira, mesmo quando o ciclista está sentado no selim. Pedalar fora do mesmo exige experiência e equilíbrio para manter a tração. O ciclista precisa manter seu torso baixo, próximo ao guidão para evitar que a roda empine. A bike é mais leve e possui melhor aceleração, permitindo que o ciclista ataque seções mais técnicas de forma mais agressiva.
Trail SL 29 2: Apesar de ser quase um quilo mais pesada, a 29er tem um monte de vantagens quando o assunto é uphill. A primeira é subir embalado. Subidas em terreno cascalhosos que exigem um bocado de esforço a bordo da SL 2 são facimente vencidas pela 29er. subidas íngremes não necessitam que o ciclista permaneça sentado ou mesmo mova-se para a frente. Pedalar fora do selim mantém a neutralidade entre as rodas, ao contrário da 26″.
Freadas – Menor massa, menores rodas, centro gravitacional mais baixo: ponto para a 26″!
Trail SL 2: Ambas as bicicletas possuem os mesmos freios e rotores idênticos, mas a performance da frenagem da SL 2 foi muito superior ao modelo 29er.
Trail SL 29 2: Os freios pareceram subdimensionados para este modelo.
Descidas – Aqui, cada caso é um caso…
Trail SL 2: Performance do amortecedor, frenagem mais eficiente e maior agilidade ajudam o ciclista a escolher no momento certo o melhor caminho pela trilha. Esta agilidade e mobilidade entretanto, condiciona a capacidade de descida a ciclistas com experiência e técnicas de descidas. Mesmo o sistema de chainstays SAVE não impedirá o ciclista de sentir a pancada de sua roda atingindo algo sólido. O ciclista deverá descer em modo de ataque (para trás do selim com os joelhos e cotovelos dobrados).
Trail SL 29 2: A bike oferece mais estabilidade em descidas de velocidade, facilitando e muito a vida do ciclista. Em momento algum o amortecedor dianteiro (com 20mm menos curso que o modelo 26″) nunca pareceu chegar ao seu curso máximo (embora a borrachinha que marca o curso provasse o contrário). Raízes de árvores, valas e pedras que devem ser evitadas em uma decida em uma 26″ são atropeladas sem maiores dificuldades pela 29er.
Fonte: Mountain Bike Action