Artigo publicado originalmente no portal Câmara em Pauta, no dia 04 de janeiro de 2014
As ciclovias e ciclofaixas do Distrito Federal já viraram piada nas redes sociais, com suas interrupções, erros de sinalização, falta de acabamento e até poste no meio do caminho devido ao mau planejamento e problemas na estrutura. De acordo com o presidente da Organização Não Governamental Rodas da Paz, Jonas Bertucci, as ciclovias do DF apresentam descontinuidade nos trajetos, falta de sinalização, em grande parte não têm iluminação. “Essas falhas ameaçam a segurança da população”.
Segundo o coordenador do Fórum de Mobilidade por Bicicleta no DF, Paulo Alexandre Passos, o projeto das ciclovias foi licitado no governo passado a partir de uma pesquisa que foi feita na cidade pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER) para saber de onde elas saíam e chegavam, usando a bicicleta.
Moderação – Segundo o presidente da Rodas da Paz, o objetivo do planejamento das ciclovias deve ser a redução de acidentes e mortes, e o aumento do número de usuários de bicicleta. Ele diz que no DF, elas não foram feitas para garantir a preferência e continuidade dos ciclistas nas travessias com segurança, conforme orienta o código de trânsito brasileiro.
“Para isso, é fundamental medidas de moderação de tráfego com redução de limites de velocidade e planejamento das rotas cicloviárias a partir de estudos e contagem de ciclistas e avaliação dos locais com maior ocorrência de atropelamentos e colisões, onde a instalação de infraestrutura cicloviária deveria ser prioridade, o que não ocorre hoje”, afirma Bertucci.
Estranhezas – Uma das fotos publicada no Facebook causa estranheza ao mostrar um poste no meio da ciclovia na Universidade de Brasília (UnB). Outra foto mostra defeitos na estrutura de uma ciclovia do Sudoeste (DF). Já uma ciclovia no Plano Piloto cruza uma via de baixa velocidade sem semáforo. O sinal de PARE deveria estar voltado para os motoristas e não para o ciclista.
Outra das imagens publicadas nas redes sociais que foi campeã em piadas e indignação mostra uma ciclovia que termina em nada. A explicação dada pelo coordenador do Fórum de Mobilidade por Bicicleta, Alexandre Passos, é que há trechos que ainda não estão terminados. “As ciclovias que não dão em nada são dois trechos, um pode estar executado e o outro não. Se você olhar o projeto no computador, isso não acontece. Parece que está desconectada, mas é porque não está pronta. Precisamos ver isso. Se a ciclovia já está terminada, é uma questão. Se está em obra é outra questão”, justifica.
Ciclistas também denunciam que algumas ciclovias são interrompidas por estacionamento, como em alguns pontos da W5, na Asa Norte. Uma foto mostra ainda a ciclovia interrompida por carros estacionados irregularmente, no Sudoeste.
Na W5 Norte, a ciclovia é interrompida por um estacionamento. “Às vezes essa questão de estacionamento é a última etapa para a conclusão das obra, porque precisa se resolver a retirada, e precisa uma inserção mais forte do governo para fazer aquela retirada e garantir que a ciclovia passe. Até o momento, eu desconheço uma ciclovia que tenha isso, mas pode ter, porque como são 600 km, eu não estou vistoriando cada ponto da ciclovia”, explicou Alexandre Passos.
Outra foto mostra o erro de sinalização da ciclovia, cujas pinturas dos dois lados da pista indicam o mesmo sentido. Há ainda uma “rampa” no Sudoeste, que, segundo o presidente da ONG Rodas da Paz, foi causada por erro de cálculo de dilatação do concreto. “O material é de baixa qualidade, já havendo rachaduras antes mesmo da pintura. Também há trepidação excessiva”, disse.
Fiscalização – Para Bertucci, é necessário aumentar a fiscalização para estabelecer uma cultura de convivência, respeito e compartilhamento dos espaços, garantido a prioridade e fluidez dos ciclistas.— Além disso, não há previsão de campanhas educativas de massa para orientar motoristas, ciclistas e pedestres, nem de fiscalização em relação aos abusos recorrentes de motoristas infratores como a invasão e bloqueio da ciclovia por carros e as ultrapassagens perigosas em alta velocidade e sem manter a distância adequada de 1,5 m.
Alexandre Passos afirmou que para resolver os problemas, o GDF vai desenvolver um aplicativo de celular em que os usuários poderão comunicar os defeitos das ciclovias. A ferramenta será parecida com o aplicativo Waze (que serve para mapear blitzen) e
será lançado ainda no início do ano. “Após concluídas as obras, e à medida que as pessoas usem, a gente vai poder avaliar o que foi acertado e os erros das ciclovias, para corrigir o que for preciso”.
Fonte: Câmara em Pauta, por Daniela Novais