Conferir os componentes de sua bicicleta antes e depois de realizar suas pedaladas pode evitar dores de cabeça para você e para seus amigos
Ao conferir as fotos do Desafiando Limites 2014, fiquei bastante surpreso com a quantidade de ciclistas conferindo e reparando pneus momentos antes da largada. Pessoalmente, considero inconcebível que em um evento desta magnitude e programado com meses de antecedência, alguém simplesmente deixe para conferir o estado de sua bike poucos minutos antes de sua execução.Infelizmente isto não algo raro ou pontual. Não raras vezes nos deparamos com aqueles “amigos da onça” que simplesmente pegam sua bike do jeito em que ela se encontra (muitas vezes suja e danificada na trilha anterior) e a colocam no rack do carro, somente para constatar no início da pedalada que o pneu estava furado, que a corrente está seca, ou que o pedivela está com um ou dois parafusos soltos. Se isto for descoberto ainda no início estamos no lucro. Pior ainda se o problema resolve se manifestar no meio da trilha!
O ideal para se evitar problemas desagradáveis para você e para seus companheiros (que terão que parar para ajudá-lo), o ideal seria que o praticante de mountain bike fizessem um checklist básico não apenas antes de sair de casa, mas também após cada trilha realizada. Confira abaixo os itens básicos a serem conferidos:
1. Pneus
Parece um tanto quanto óbvio, mas a maioria dos problemas causados por atrasos nas trilhas de fins de semana estão relacionadas a pneus murchos e/ou furados. Confira, preferencialmente no dia anterior ao pedal, a correta pressão dos pneus, que deve ser ajustada de acordo com o tipo de terreno a ser utilizado e peso do ciclista. Na dúvida, consulte nosso artigo Acerte corretamente a pressão dos pneus de sua bike. A pressão de ar deve estar situada de acordo com as recomendações indicadas nas paredes laterais dos pneus. Caso perceba algum vazamento de ar, ainda que minúsculo, retire a câmara de ar e inspecione-a, assim como o pneu.
2. Caixa de direção
Este problema costuma ocorrer mais por falta de manutenção (ou manutenção mal realizada) do que durante a pedalada. Basicamente são dois os sintomas de problemas em uma caixa de direção. O primeiro e mais comum é a folga da caixa, facilmente percebido quando empurramos a bike de trás para a frente com o freio dianteiro acionado. Ao colocarmos a mão na caixa de direção é possível perceber sua folga. Por outro lado, uma caixa apertada em demasia pode não só dificultar o livre movimento do guidão, como também pode danificar as esferas ou rolamentos da caixa de direção.
Para resolver isto, basta afrouxar os parafusos que prendem a mesa à espiga do amortecedor dianteiro. em seguida, com o auxílio de uma chave allen, aperte (ou afrouxe se for o caso) cuidadosamente a tampa que fica na parte superior da mesa, acoplada à espiga do amortecedor. Mas cuidado! Este parafuso serve apenas como pré-carga, não devendo ser apertado em demasia, caso contrário poderá danificar a aranha (bucha metálica que prende a tampa à parte interna da espiga. Após o ajuste, aperte novamente os parafusos da mesa, tomando cuidado para alinhá-la corretamente ao guidão.
Se tiver dificuldades em realizar o procedimento, não tenha dúvidas em procurar seu mecânico de confiança.
3. Guidão e mesa
Confira cuidadosamente o aperto da mesa e do guidão. Caso ocorram folgas ou parafusos espanados, procure imediatamente um mecânico. No caso de peças de fibra de carbono, confira por rachaduras ou arranhões, que possam comprometer a sua segurança. Um boa ideia é passar um chumaço de algodão seco pela superfície do guidão ou mesa. Se ficar algum fiapo preso no meio da peça, pode haver uma rachadora ali, portanto troque-a imediatamente!
4. Passadores de marcha e manetes de freio
Mais uma vez, confira o aperto dos parafusos, evitando apertá-lo excessivamente. O ideal aí é apertar o suficiente apenas para que eles não saiam do lugar, pois no caso de quedas, eles possam se movimentar sem se quebrar ou danificar o guidão.
5. Freios hidráulicos
Conferira a modulação das manetes de freio. Caso elas encostem no guidão ao serem acionadas, pode ser apenas um problema de ajuste, ou algo pior: pastilhas de freio gastas ou fluido faltando.
Pastilhas de freio são um item crítico a serem conferidos. Adquira o hábito de perguntar sempre ao seu mecânico sobre o estado delas e quando deverá ocorrer a próxima troca. Lembre-se que trilhas realizadas em condições de chuva e lama intensa podem acabar facilmente com as pastilhas, principalmente se elas forem do tipo orgânica. Portanto, se você andou fazendo trilhas nestas condições, confira o estado dos freios de sua bike antes da próxima pedalada.
Aproveite para conferir os rotores (discos) de freios em busca de empenos. Caso isto ocorra, leve-os ao seu mecânico, que irá avaliar se eles podem ser desempenados ou deverão ser substituídos.
6. Freio mecânicos e v-brakes
Confira o estado das sapatas de freio antes de sair por aí. por ser um material macio, frequentemente podem se desgastar em uma única trilha, principalmente em condições de alta abrasividade (areia, terra, lama etc.).
7. Câmbios
Confira se os câmbios dianteiros e traseiro estão firmemente acoplados no quadro da bicicleta e se não há folga nas molas de tensionamento. Se a sua bike pegou chuva nos dias anteriores, talvez seja necessária a lubrificação dos cabos e conduítes de acionamento.
8. Corrente
Uma corrente corretamente mantida pode durar até 1.500km de uso, mas infelizmente isto não é regra geral. Adquira o hábito de manter no local onde você guarda sua bike um pano que não solte fiapos e utilizá-lo para tirar o excesso de sujeira sempre que voltar de alguma pedalada. O ideal é limpá-la completamente antes de lubrificá-la. Para isto, utilize as dicas constantes nos artigos Guia prático para a manutenção da corrente de sua bike e Guia básico para lubrificação da corrente da bicicleta.
9. Amortecedores
Limpe cuidadosamente as canelas dos amortecedores dianteiro e traseiro (se for o caso) de sua bike com o auxílio de um pano úmido. Após isto, aplique um lubrificante que não ataque a borracha dos retentores (pessoalmente eu utilizo o Muc-Off Wet). Feito isto, acione o amortecedor várias vezes, para que o lubrificante penetre corretamente e retire o excesso com um pano seco.
No caso de se utilizar amortecedores a ar, confira a pressão dos mesmos. Se houver uma diferença muito grande de pressão em relação a última vez que você conferiu, algo pode estar errado.
Tenha sempre em mente que, ao contrário do que muita gente pensa, a revisão dos amortecedores não está inclusa na revisão geral na maioria das oficinas mecânicas, o que leva muita gente a fazer revisões na “suspa” quando já é tarde demais. O ideal é realizar uma revisão nos amortecedores a cada três revisões praticadas na bicicleta.