24 de novembro de 2024

Após dois anos, aluguel de bikes em SP ainda é deficitário

Bike Sampa

Parceria entre a Prefeitura de São Paulo e o banco Itaú, investidor do projeto, só tem mais um ano pela frente: termina em maio de 2015

O BikeSampa, principal projeto de empréstimo e aluguel de bicicletas de São Paulo, completa dois anos neste mês sem ter chegado à zona norte e à periferia da cidade. Das 300 estações previstas, menos da metade foi implantada. São 148 até o momento, a grande maioria na região sudoeste, que já contava com boa infraestrutura de transporte.

A parceria entre a Prefeitura de São Paulo e o banco Itaú, investidor do projeto, só tem mais um ano pela frente: termina em maio de 2015.

No centro da cidade, o BikeSampa enfrentou problemas no começo do ano. Os operadores fecharam estações por causa de furtos e atos de vandalismo praticados nas estações.

O outro projeto de empréstimo e aluguel de bicicletas da cidade, o CicloSampa, mantido pela Bradesco Seguros, é mais recente e menor. Das 20 estações previstas, 15 funcionam. Elas se situam nas proximidades de ciclovias e ciclofaixas, também no sudoeste de São Paulo.

A estudante Bárbara Coelho pedala desde o começo do ano e aluga as bicicletas do BikeSampa com frequência - Foto: Reinaldo Canato/UOL
A estudante Bárbara Coelho pedala desde o começo do ano e aluga as bicicletas do BikeSampa com frequência – Foto: Reinaldo Canato/UOL

Desarticulação – Os projetos não se integram. Quem retira uma bicicleta em uma estação do BikeSampa não pode devolvê-la em uma estação do CicloSampa, e vice-versa. As bicicletas do primeiro são laranjas; as dos segundo, vermelhas.

As explicações para a falta de integração dos projetos, para a demora na instalação de todas as estações previstas e para a concentração regional das estações ativas passam pela falta de planejamento e pela desarticulação dos sistemas com a rede de transporte da cidade.

Os termos das duas parcerias foram assinados em 2012, último ano da gestão Gilberto Kassab (PSD). “Esses sistemas não foram estruturados como serviços públicos de mobilidade concedidos a terceiros. Mas sim como parcerias (…) que levassem a sociedade à discussão sobre o modelo de mobilidade urbana (…)”, diz a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), órgão da prefeitura que responde pelos projetos.

“O grande engano foi a prefeitura não ter escolhido o melhor instrumento [para viabilizar as parcerias]. A prefeitura não disse o que queria. Tinha de integrar [os projetos] com o sistema de mobilidade da cidade”, analisa o consultor em mobilidade urbana Daniel Guth.

A CET afirma que as estações restantes do BikeSampa serão instaladas e contemplarão a zona norte e a periferia. “A escolha dos locais das estações sempre é feita em conjunto com técnicos da CET e submetida a várias avaliações necessárias”, afirma a companhia. “Desde o ano passado, implantamos um fórum permanente para envolver a sociedade no processo. Cada etapa de expansão do sistema é discutida com as comunidades locais.”

Adaptações – Na opinião de Daniel Guth e da engenheira Paula Santos, coordenadora de projetos de transportes da organização Embarq Brasil, a demora na implantação das estações se justifica pela falta de estudos anteriores sobre a demanda de mobilidade que pudessem servir de base para as parcerias. A ausência de pesquisa dificulta o planejamento.

“Não adianta colocar muitos pontos [de bicicletas] e deixar degradar”, opina Paula Santos. Guth acrescenta que as estações precisam ter certa proximidade. Dessa maneira, o usuário pode retirar a bicicleta em um ponto e entregar em outro sem percorrer longas distâncias, o que torna o sistema mais atrativo.

Segundo o consultor em mobilidade, o aprendizado com a experiência vem acontecendo no BikeSampa. “Com a entrada no centro, muita coisa foi revista. [O projeto] amadureceu. O resultado na prática é muito bom”, avalia Guth.

Uma das adaptações feitas no sistema foi a ampliação do tempo de gratuidade — de meia hora para uma hora. É possível usar o Bilhete Único para pagar o serviço. Para usar uma bicicleta do Bike Sampa é preciso fazer um cadastro via internet. “O sistema é funcional e rápido, não segura o usuário”, diz o consultor.

BikeSampaFuturo – Paula Santos diz que os projetos representam uma etapa de testes para São Paulo. Na opinião de Daniel Guth, a atual gestão municipal tem de esperar o fim dos contratos com o Itaú e o Bradesco para depois lançar uma edital para um serviço mais amplo.

A administração municipal diz que deve seguir esse caminho. “A prefeitura também está fazendo estudos para lançar uma licitação de concessão de um serviço de utilidade pública de compartilhamento de bicicletas único e abrangente para a cidade. Esta experiência é importante para estruturarmos um sistema eficiente e sustentável do ponto de vista financeiro”, diz a CET.

Tão ou mais importante que oferecer um sistema mais amplo e conectado à rede de transporte é criar estrutura e proporcionar segurança aos ciclistas. “É preciso assegurar que as pessoas andem [de bicicleta] em lugares seguros”, diz a coordenadora da Embarq Brasil. Uma pesquisa do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) mostrou que a maioria dos usuários do BikeSampa recorre às calçadas para pedalar.

A cidade de São Paulo conta atualmente com somente 60 km de ciclovias e 3 km de ciclofaixas definitivas. As ciclovias de lazer, que funcionam somente aos domingos e feriados, somam 120 km.

A prefeitura promete implantar 400 km de infraestrutura cicloviária na cidade. “Dentro desse programa voltado para os ciclistas estão incluídos 150 km de ciclovias que serão instaladas ao lado dos novos corredores de ônibus e a implantação de 60 km de ciclovias que já têm projeto executivo concluído”, afirma a CET.

Fonte: UOL

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