Software utilizado nos novos veículos com piloto automático pode detectar centenas de objetos simultaneamente, incluindo ciclistas
Após 4 anos em desenvolvimento, automóvel auto dirigível da Google começa a ganhar as ruas. A nova tecnologia, que utiliza sensores eletrônicos que podem “ver” e identificar centenas de objetos distintos em até 60m de distância, incluindo pedestres, ônibus, sinais de trânsito ou mesmo um ciclista sinalizando um retorno. Tudo isto com uma precisão muito superior que um motorista em um veículo convencional.
De acordo com os desenvolvedores do projeto, a disposição dos sensores do novo veículo não possuem pontos cegos. Em vídeo postado no YouTube pelo Google, é possível ver como o software detecta sinais visuais feitos pelo ciclista, antecipando seus movimentos e reagindo de forma apropriada. O sistema permite ainda visualizar ciclistas se aproximando por trás.
A Google não disse se pretende utilizar a nova tecnologia para entrar no negócio de fabricação de carros ou simplesmente fornecê-la para montadoras, embora admita o enorme potencial de possibilidades caso possa persuadir os reguladores para que permitam carros sem condutores. Um uso potencial: táxis sem motoristas.
As leis de Califórnia, Nevada e Flórida permitem veículos autônomos. No entanto, essas leis em geral baseiam-se na expectativa de que um motorista humano seria capaz de assumir o controle do automóvel em caso de emergência.
A utilização desse tipo de veículo pode esbarrar entretanto no medo natural dos passageiros que tendem a relutar ao pegar uma carona em um carro sem motorista.
Sergey Brin, cofundador do Google, disse que a empresa realizou experiências com alguns funcionários que usaram os veículos autônomos em seus trajetos regulares para o trabalho.
Embora o teste tenha sido executado sem falhas, os engenheiros do Google perceberam que contar com um passageiro humano — que poderia estar sonhando acordado, lendo ou até mesmo dormindo — para que assumisse o controle do automóvel em caso de emergência seria algo que não funcionaria.
“Vimos coisas que nos deixaram um pouco nervosos”, admitiu Christopher Urmson, ex-roboticista da Universidade Carnegie Mellon que dirige o projeto de carro no Google.
A nova estratégia da Google para carros autônomos é uma ruptura com relação a muitos projetos de veículos concorrentes. Mercedes, BMW e Volvo desenvolveram veículos automotivos que têm a capacidade de viajar sem intervenção do condutor em circunstâncias limitadas — embora nenhum tenha eliminado completamente o motorista.
Essa característica, que é geralmente conhecido como “Traffic Jam Assist”, permite que o carro se programe para seguir um outro veículo em situação de tráfego engarrafado, em que se dirige em baixa velocidade. Na versão Mercedes, o sistema se autodesliga se o motorista leva as mãos do volante e as mantém lá por mais de 10 segundos.
A Volvo informou que em 2017 planeja ter os carros autônomos nas mãos dos consumidores comuns para testes nas ruas de Gotemburgo, na Suécia, onde a empresa tem sua sede.
O protótipo da Google para seus novos carros vai ser limitado a uma velocidade máxima de 25km/h. Os carros são destinados ao tráfego em áreas urbanas e suburbanas, não em rodovias ou autoestradas. A baixa velocidade provavelmente manterá os carros a salvo de categorias regulamentares mais restritivas para os veículos, dando-lhes mais flexibilidade de design.
A Google terá 100 carros produzidos por um fabricante na área de Detroit, cujo nome não foi revelado, bem como não disse quanto custaram os protótipos. Os carros terão autonomia de cerca de 160km, alimentados por um motor elétrico que é mais ou menos equivalente ao utilizado pelo Fiat 500, disse o Dr. Urmson. Eles devem estar prontos para as ruas no início do próximo ano, afirmou a Google.