Em 2013, 109 ciclistas morreram nas ruas do Reino Unido e mais de três mil sofreram algum tipo de ferimento em acidentes. O número pode parecer baixo se comparado com os índices brasileiros, onde morreram quase dois mil ciclistas em 2011, mas alarmou os ingleses.
De acordo com um estudo do Comitê de Transportes do Reino Unido, órgão responsável por examinar a administração do Departamento de Transportes, a redução desses números requer mudanças. Mais investimentos, educação, medidas que promovam o respeito mútuo entre ciclistas e motoristas e a criação de novas zonas 20, entre outras, são algumas das citadas.
Lançado no dia 14 de julho, o relatório aponta em especial a necessidade de um aumento nos investimentos em infraestrutura e segurança para os ciclistas, de duas para dez libras por habitante até 2020; na Holanda, por exemplo, são 24 libras por habitante investidas a cada ano. E, tanto quanto às questões financeiras, o documento chama atenção para a necessidade de mudanças de forma geral – na mentalidade, no planejamento das cidades e nas políticas de transporte.
Em artigo publicado no The Conversation, Ian Walker, professor de psicologia do trânsito na Universidade de Bath, destaca uma questão chave trazida pelo estudo: a melhor forma de atender às necessidades dos ciclistas é tornar as ruas mais seguras para andar de bicicleta, reduzindo o perigo imposto pelos carros, ou oferecer ciclovias fisicamente segregadas?
“A noção de que pessoas conduzindo máquinas pesadas inevitavelmente vão acabar cometendo um erro, mesmo que não queiram”, argumenta Walker, “norteia o modo como operamos sistemas de transporte aéreos, marítimos e ferroviários” – mas não é aplicada ao mais comum deles, que são os veículos nas ruas.
Outra alternativa levantada pelo estudo – reduzir o limite de velocidade – também foi comentada por Walker. Medidas assim, na concepção do professor, mantêm o risco de acidentes porque só funcionam se os motoristas de fato aderirem a elas e respeitarem o novo limite – o que nem sempre acontece.
Para Walker, tanto quanto investimentos em infraestrutura e ciclovias segregadas, fazer com que a bicicleta seja um meio de transporte verdadeiramente seguro depende de algumas mudanças mais expressivas:
Se nós realmente queremos estimular o uso da bicicleta como meio de transporte, são necessárias mudanças fundamentais em todas as áreas: no planejamento de leis que previnam a expansão desordenada das cidades, no sistema de saúde, na educação, no trabalho. Acima de tudo, precisamos deixar de fazer com que os carros sejam a forma mais fácil e barata de se locomover e mostrar que o verdadeiro custo do uso dos carros é pago por aqueles que os dirigem.
Confira aqui outras conclusões do estudo.
Fontes: The City Fix Brasil, por Priscila Kichler Pacheco