Raiza Goulão e Rubinho Valeriano são os campeões da última etapa da temporada, realizada neste domingo (12) em São Roque
Atual campeã brasileira de Cross Country Olímpico (XCO), Isabella Lacerda (LM/Shimano) conquistou neste domingo (12), em São Roque, o bicampeonato da Copa Internacional Levorin de Mountain Bike. Precisando apenas completar a prova final para obter os pontos suficientes para ser campeã, a ciclista mineira ficou na quarta colocação. Em sua categoria, elite feminina, Raiza Goulão (Soul Cycles) foi a vencedora, enquanto na super elite a vitória ficou com Rubinho Valeriano (Merida), desbancando o bicampeão antecipado Henrique Avancini (Caloi Team), vice na etapa.
“O sentimento de ser bicampeã da CIMTB Levorin é algo inexplicável. Não dá para te passar o quanto estou feliz. Pedi a Nossa Senhora Aparecida me proteger e independente do resultado sabia que daria tudo certo e sairia daqui campeã”, vibrou Isabella, vencedora das etapas de Araxá e Congonhas na temporada.
“Claro que eu queria a vitória, mas larguei sabendo que precisava apenas concluir as quatro voltas para ser a campeã. Decidi me poupar, porque não tinha motivo para me arriscar e soltar os freios. Manter meu equipamento sem problemas, como um pneu furado ou uma corrente quebrada, era minha meta. Fiz uma prova totalmente consciente e segura do que estava fazendo. Poupei ao máximo minha bike e deu tudo certo”, completou.
Vencedora do dia após liderar a prova desde o início, Raiza Goulão teve seu primeiro triunfo nacional em competições de destaque neste ano. “Minha estratégia deu certo e graças a Deus consegui botar pra fora tudo o que estava segurando desde o começo do ano. Essa sou eu de verdade. Corri hoje (domingo) aqui em São Roque do jeito que eu gosto. Não desmerecendo as adversárias, consegui preocupar-me apenas comigo, esquecendo das rivais”, desabafou.
“O que fez a diferença foi o apoio da minha equipe e todos amigos que me ajudaram muito, assim como minha família. Foi foco total desde o aquecimento, mentalizando sempre o que eu pretendia fazer. Consegui esse excelente resultado e desentalar o que estava preso na garganta. É isso que todos devem esperar de mim. No próximo ano terei um desempenho ainda melhor”, acrescentou. Além de Raiza e Isabella, completaram o pódio Erika Gramiscelli e Noelia Rodriguez, segundo e terceiro lugares, e Roberta Stopa, na quinta colocação.
Rubinho volta a vencer após sete etapas – Representante do Brasil nas Olimpíadas de Pequim 2008 e Londres 2012, o experiente ciclista Rubinho Valeriano venceu em São Roque, após sete etapas sem chegar ao degrau mais alto do pódio. Depois de largar mal, Rubinho aumentou o ritmo e assumiu a liderança na segunda volta, posição em que se manteve até o fim. Henrique Avancini, Fred Nascimento, Sherman Trezza e Dario Gasco completaram o pódio.
“O circuito era muito técnico. Gostei demais da primeira parte, com essa subida muito dura, que me permitia abrir alguns segundos em relação aos meus adversários. Minha bike aro 27 me ajudou nas curvas e isso fez a diferença. Enquanto a maioria dos rivais usam 29, que dá mais velocidade na reta, optei pelo aro menor. A estratégia deu certo”, avaliou Rubinho.
“O Henrique e o Dario largaram muito bem e abriram bastante, porém, mantive-me nas primeiras colocações. Sabia que teria cinco voltas pela frente e por isso não me afobei e pude recuperar posições depois. Na subida, botei na frente e fui embora. Decidi que não ia parar de fazer força e de sofrer. Essa é a essência do MTB e graças a meu esforço saí vitorioso. Meu pneu murchou, fiquei na dúvida se arriscava ou trocava, mas optei pela estratégia de ir até o fim. Precisava demais dessa vitória”, concluiu o vencedor da etapa.
Organização faz balanço da final – O Centro Cultural Brasital, que recebeu cerca de dez mil pessoas nos três dias de provas, encerrou a 19ª edição da principal competição de MTB da América Latina. Mais uma vez, o balanço da organização é positivo. “Foi uma temporada sensacional. Com muita disputa em todas as categorias e conseguimos ter o campeonato mais competitivo de todos os anos. Quem acompanhou a CIMTB Levorin e a Copa LM Bike sabe que os campeões foram definidos só aqui em São Roque, e nos detalhes”, comemorou o organizador Rogério Bernardes.
“A alta competitividade que a Copa Internacional Levorin de MTB oferece é algo muito legal. Os melhores atletas do Brasil competem aqui, além de ciclistas de diversos países. Para grande maioria dos atletas, a CIMTB Levorin é o principal evento do ano. Eles focam o planejamento e treinamento em função das etapas. Para nós é uma grande honra e esperamos que a partir dos bons resultados obtidos aqui, os atletas consigam mais patrocínio e assim fomentamos o ciclismo de Mountain Bike em nível nacional”, completou Rogério.
Disputa olímpica – A briga pela vaga olímpica feminina no Mountain Bike para os Jogos Rio 2016 promete ser equilibrada e emocionante até o último momento antes da definição. Isabella Lacerda, Erika Gramiscelli e Raiza Goulão têm somado pontos importantes para o ranking olímpico na CIMTB Levorin e em outras provas internacionais também homologadas pela UCI, que considera o desempenho das ciclistas desde maio de 2014 até maio de 2016.
“Eu me encontro em minha melhor fase. Superei a lesão do início da temporada, troquei de bike no meio do ano, agora estou com uma BMC, e há cinco anos tenho o patrocínio da Circuit, o que me dá mais oportunidades para treinar e disputar provas internacionais. É o que sustenta minha campanha olímpica”, relatou Erika que disputou os Jogos Pan-americanos pela primeira vez em 2011, em Guadalajara e espera competir no Pan de Toronto no próximo ano.
“Fiquei em segundo nas seletivas para os Jogos Olímpicos de Pequim e de Londres. Agora quero aproveitar a chance para competir no Rio. Recentemente fiz três provas no exterior com nível de dificuldade surreal. Duas etapas de Copa do Mundo no Canadá e Estados Unidos e o Mundial na Noruega. Recebi muita informação. Nós brasileiras já deveríamos estar fazendo isso há mais tempo”, mencionou Erika.
A ciclista sabe o que é necessário para se desenvolver campanha olímpica com antecedência mínima de quatro anos, o tempo de um ciclo. “É preciso ter preparador físico, médico, massagista, nutricionista, assessoria de imprensa e apoios da Confederação e do Comitê Olímpico. Sem essa estrutura não é possível trazer resultado para o Brasil”, afirmou Erika.
A campeã da CIMTB de 2014, Isabella Lacerda, correu as etapas da competição a partir de maio, pensando também no Rio 2016. “Qualquer ponto que vier é importante para o ranking olímpico. O Brasil já tem uma vaga assegurada por ser o país-sede, mas quem sabe conseguimos uma segunda vaga pelo ranking. É preciso pontuar sempre”, recomendou a bicampeã da Copa Internacional.
A exemplo das duas rivais, Raiza Goulão também veio de extensa campanha no exterior antes de se tornar campeã em São Roque e aumentar o saldo de sua ’conta olímpica’. As próximas prioridades de ciclista goiana são o Pan de Toronto e os Jogos Rio 2016. “Faço o planejamento com meu técnico, Cadu Polazzo, de acordo com a série de provas que renderá mais pontos e trará mais experiência”.
Apesar da busca pela evolução no ranking visando à próxima Olimpíada, a atleta não concorda com o critério adotado pela CBC. “Nas competições europeias eu ganho muito mais experiência, entre as melhores ciclistas do mundo, porém, somo menos pontos devido à minha classificação”, reclamou Raiza em comparação às competições continentais que não possuem nível tão elevado, mas lhe garantem mais pontos.