Apesar do esforço em demonstrar que as queixas referem-se à falta de consulta aos moradores ou à acusação de que não houve planejamento urbanístico na região, fica claro que os motivos das críticas são bem menos nobres.
“Se eu fizer um jantar e quiser receber meus amigos, onde eles vão parar?”, questiona Célia Furnari, principal articulista do movimento contra a ciclovia. Segundo a moradora, a rua é a única via de acesso que atravessa a Avenida 9 de julho até a Avenida Brigadeiro Luís Antônio. Mas, ironicamente, afirma que (para os ciclistas) é um lugar que “vai vir de lugar nenhum para lugar nenhum”. Vale ressaltar que, além de ligar à Avenida Paulista, a Luís Antônio é uma das principais vias da cidade para se chegar ao Parque Ibirapuera.
Para Ivany Zarzur, o principal empecilho é falta de educação. “Não temos estrutura. Na Europa as ciclovias são nas calçadas. Aqui as pessoas ainda não têm educação”. Já para o aposentado Francisco Augusto de Costa Porto manter a ciclovia é colocar a população em risco. “Quem anda de bicicleta não presta, hoje nós sabemos disso. São pessoas não qualificadas. Então vamos ficar sujeitos a esses riscos aqui?”.
Quem anda de bicicleta não presta, hoje nós sabemos disso. São pessoas não qualificadas. Então vamos ficar sujeitos a esses riscos aqui?”
A polêmica afirmação do aposentado parece ser endossada pela Sociedade Amigos dos Jardins, que está ajudando os moradores da Rua Honduras na pressão contra a via para bicicletas. De acordo com a administradora da organização, Dora Livolsi, a ciclovia vai atrair assaltantes.
Desde que as ciclovias começaram a ser implementadas na capital paulista, diversos moradores estão entrando com ações no Ministério Público contra as mesma. Alto da Boa Vista, Higienópolis e Planalto Paulista são alguns dos bairros mencionados. O que mais chama atenção é que as regiões são todas localizadas em áreas nobres da capital paulista.
Não é à toa que o assunto tomou conta das redes sociais. Diversos internautas rebateram as críticas, confira abaixo:
E essa classe alta paulista q protesta contra ciclovia em SP mas adora Amsterdã e o sistema de aluguel de bicicletas de Londres e de Paris?
— Caio Turbiani (@caioturbiani) 7 dezembro 2014
Morador de zona nobre de SP, revoltado por ciclovia na rua dele, diz: “Quem anda de bicicleta não presta. É gente não qualificada.” Tóimmm!! — Antero Greco (@anterogreco) 8 dezembro 2014
quem tem dinheiro precisa entender que são donos apenas de suas residências e calçadas e não da via publica, e… http://t.co/dqhCmeaaGp
— neife juliana aversa (@neife_14) 7 dezembro 2014
Quando eu quero andar de bicicleta eu vou para Europa. “Eu surtei quando vi a faixa da Prefeitura”, diz moradora. http://t.co/OLWHGaLEl0 — Alberto R. Prass (@albertprass) 7 dezembro 2014
o Brasil na contramão do mundo!? que loucura isso… pq a revolta com uma ciclovia? achei genial quando fizeram… http://t.co/YA2lH4T0cA
— JoaoAgostini(Johnny) (@joaoagostini) 7 dezembro 2014
O projeto de implementar 400 quilômetros de ciclovias até o final de 2015 pode ser acompanhado aqui.
Fonte: CicloVivo