24 de novembro de 2024
Grafeno tem enorme potencial na fabricação de quadros e componentes para bicicletas - Foto: Wikimedia Commons

Material derivado do grafite poderá revolucionar a fabricação de bicicletas

Leve e até 200 vezes mais resistente que o aço, o Grafeno pode tornar-se um substituto à altura da fibra de carbono na construção de quadros e componentes para bicicletas

Quadros de bicicletas com pesos inferiores a 400 gramas, resistência superior ao aço e com capacidade de condutividade elétrica capaz de substituir a fiação de transmissões eletrônicas, além de permitir a instalação de displays de ciclocomputadores diretamente em sua superfície. Embora pareça tema de filme de ficção cientifica, um novo material poderá revolucionar a indústria ciclística e substituir a fibra de carbono como material de preferência na construção de quadros.

Trata-se do grafeno, material derivado do grafite e formado por átomos de carbono dispostos na forma hexagonal. Apresentado pela primeira vez em 1987, o grafeno apresenta um incrível leque de potencialidades na fabricação de peças e componentes de bicicletas, podendo ser utilizado, inclusive, na fabricação de pneus ultra leves e com uma resistência muito maior a furos do que os atuais modelos de borracha reforçada com kevlar ou aramide.

Para se ter uma ideia de sua incrível relação peso x resistência, uma lâmina de grafeno de um metro quadrado  espessura de 1/10 de um fio de cabelo pesa apenas 0,77 miligramas e é capaz de suportar um peso de 4 quilos sem romper-se.

O grafeno, já considerado como o material do futuro, é 200 vezes mais resistente que o aço, além de ser transparente, flexível e elástico e altamente tolerante a altas temperaturas, além de possuir uma elevada condutividade eléctrica, o que permite que o próprio quadro da bicicleta possa substituir os cabos elétricos utilizados nos ciclocomputadores e nas modernas transmissões eletrônicas.

Grafeno

Além destas interessantes características, o grafeno possui a mesma densidade que a fibra de carbono, além de maior flexibilidade. O mais incrível entretanto, está em sua capacidade de auto regeneração: quando uma lâmina de grafeno é danificada, quebrando sua estrutura molecular, gera-se uma cavidade que atrai os átomos de carbono nas proximidades para voltar a cobrir qualquer falha estrutural.

Alguns fabricantes como a espanhola Catlike e a italiana Vittoria já utilizam o grafeno no desenvolvimento de seus produtos, como no caso das sapatilhas Catlike Whisper e dos capacetes Mixino. Já a Vittoria utiliza o material na confecção de suas novas rodas de ciclismo de estrada.

Além de suas incríveis características descritas acima, o grafeno poderá ser ainda utilizado em uma série de novas tecnologias que, direta ou indiretamente, poderão beneficiar os adeptos do ciclismo e outros esportes de aventura:

Dessalinizar e filtrar água

Um experimento liderado por pesquisadores do MIT (Massachussets Institute of Technology) demonstrou que o grafeno possui a propriedade de filtrar as partículas de cloreto de sódio presentes na água salgada.

Outra pesquisa, desta vez realizada pela universidade inglesa de Manchester, comprovou que o grafeno é impermeável a tudo, exceto uma coisa: água – o que pode ajudá-lo a filtrá-la.

Fotografia

Cientistas da Nanyang Technological University, em Singapura, usaram a sensibilidade à luz do grafeno para criar um sensor para câmeras 10 vezes melhor que os atuais, abrindo a possibilidade de se produzir câmeras de ação menores e mais potentes.

Baterias melhores e com carregamento meis rápido

Ricarhd Kaner, pesquisador da Universidade da Califórnia, desenvolveu a partir do grafeno baterias que são inteiramente recarregadas em apenas 10 segundos.

Já os pesquisadores americanos da Northwestern University descobriram que baterias de lítio com eletrodos de grafeno armazenam 10 vezes mais carga do que o normal.

Captação de energia

Na Universidade da Flórida, pesquisadores usaram o grafeno para confeccionar um painel que capta energia solar. Experiências do tipo também alcançaram sucesso em Oxford. O estudo abre a possibilidade de se fabricar bicicletas que geram sua própria energia para alimentar ciclocomputadores e outros periféricos

Resistência à corrosão

Tão efetivo quanto os revestimentos usados normalmente para evitar ferrugem, o grafeno é cinco vezes mais fino. Quem fornece o dado é a Vanderbilt University, dos EUA.

Atualmente, o principal empecilho na utilização em massa do grafeno está em sua produção industrial. Por se tratar de um material relativamente novo, seus custos de produção ainda são elevados. Com o crescente aumento da pesquisa e desenvolvimento do produto, entretanto, não há dúvida que o material estará em um futuro próximo estreitamente ligado às novas gerações de quadros, peças e componentes de bicicletas que estão por vir.

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