Quais as utilizações, vantagens e desvantagens dos diversos modelos encontrados no mercado
Com o aparecimento dos modernos sistemas eletrônicos de troca de marchas, muita gente pode pensar que a era dos trocadores de marcha conectados aos câmbios por cabos de aço chegou ao fim. Nada mais longe da verdade! Até agora, nada superou a praticidade, a baixo peso e o custo x benefício de um bom sistema de cabos / conduítes.Conhecer os diferentes tipos de cabos e conduítes, seus cuidados de manutenção e instalação são fundamentais para evitar problemas no grupo transmissor. Afinal, de nada adianta adquirir um caríssimo grupo de competição topo de linha se o cabeamento não possuir qualidade similar.
Para se ter uma ideia, a maioria dos problemas de irregularidades nas trocas de marchas são devidos a problemas de fricção entre os cabos e conduítes e não nos câmbios em si.
Como o cabeamento funciona?
O cabeamento utilizado nas bicicletas é dividido em duas partes. O cabo, propriamente dito, é feito de fios de aço trançado, o que garante sua flexibilidade. Já o conduíte, também é construído em aço, mas no formato helicoidal, o que permite manter um espaço interno constante, mesmo quando flexionado. Em um sistema de cabeamento de boa qualidade, o cabo deve mover-se com o mínimo atrito possível pelo interior do conduíte, que funciona como uma tubulação semi-rígida. Ambas as partes possuem igual importância: Nenhum pode funcionar sem o outro.
O físico Isaac Newton já dizia: “A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade“. Em se tratando de cabos e conduítes para bicicletas, isto significa que é impossível puxar o cabo sem empurrar o conduíte que o abriga na direção oposta. Quando acionamos a manete de uma freio por exemplo, o cabo é puxado enquanto o conduíte é empurrado – de forma igual e oposta.
A instalação dos conduítes no quadro da bicicleta varia de fabricante para fabricante. Embora o ideal seja que os conduítes sejam instalados com o comprimento o mais próximo possível dos cabos, evitando assim a entrada de impurezas que possam comprometer a sua performance, por outro lado o aumento da superfície de contato entre o cabo e o conduíte cria regiões extras de atrito que diminuem a precisão na troca de marchas. Assim, muitos frame makers optam por utilizar conduítes apenas nas regiões onde os cabos necessitam ser curvados, o que também reduz o peso final da bicicleta.
Neste tipo de instalação, é necessário que o quadro possua ancoragens que mantenham os conduítes firmemente em seus lugares, caso contrário o acionamento dos cabos será comprometido.
Tipos de cabos
Conforme o seu tipo de construção, os cabos utilizados no ciclismo são classificados como:
Cabo de aço inoxidável ou galvanizado
O modelo mais básico de cabos para utilização em marchas e freios de bicicleta é construído a partir de fios de aço inoxidável ou galvanizado, entrelaçados em espiral.
Apesar de seu baixo custo, possuem grande resistência à corrosão. Como desvantagem, produzem maior atrito com as paredes internas do conduíte. além de acumular mais detritos e sujeira em sua superfície.
Cabo de aço extrusado
Alguns fabricantes utilizam um processo de fabricação denominado extrusão, no qual os fios de aço são pré-esticados e forçados em um molde que remove as arestas, resultando em uma superfície mais suave que reduz a fricção ao longo do cabo.
Este tipo de cabo é a escolha mais popular entre os ciclistas que buscam um produto que alie performance, durabilidade e baixo custo.
Entre os fabricantes deste tipo de cabo está a taiwanesa Jagwire, que os produz em duas versões: aço galvanizado e aço inoxidável, este último mais resistente à oxidação.
Cabo teflonado
Utilizado em bicicletas hi end com grupos topo de linha, o cabo teflonado é produzido a partir de um cabo de aço extrusado cuja superfície foi aplicada uma camada de Teflon ou PTFE, fixada através da aplicação de calor. Esta cobertura elimina quaisquer imperfeições que ainda ocorram, resultando em um produto de baixíssima fricção e alta eficiência.
Trata-se da escolha óbvia para todos aqueles que buscam a melhor performance possível para suas bikes.
Entre os fabricantes que produzem este tipo de cabo está a Shimano, como o modelo Sil-Tec Coated.
Cabo de aço com revestimento em polímero
Tipicamente vendidos em kits que incluem os conduítes e um tubo flexível contendo um lubrificante especialmente desenvolvido para a funçao, os cabos com revestimento em polímero são utilizados em sistemas selados, que oferecem o que há de melhor em precisão e baixa manutenção.
Entre os fabricantes que utilizam sistemas selados de cabos e conduítes, destacam-se a Gore RideOn e a Jagwire, que utiliza revestimento de Teflon.
Tipos de conduítes
Conduíte de aço helicoidal
A forma mais básica de construção de uma conduíte é aquela que utiliza uma estrutura de aço carbono enrolada no formato helicoidal em torno de uma tubulação interna. Embora permita um bom nível de rigidez, seu nível de flexibilidade via de regra é limitado e irá depender da quantidade de carbono utilizada no aço (não confundir com fibra de carbono!).
Embora funcione razoavelmente bem em sistemas básicos de freios, não é recomendada a sua utilização em cabos de marcha, já que este tipo de conduíte costuma se deformar com o tempo, diminuindo assim sua precisão.
Conduíte de aço linear
Ao contrário dos conduítes de aço helicoidal, este sistema utiliza fios de aço trançados em uma malha que envolve uma tubulação interna, criando uma espécie de anel que impede sua compressão e deformação, aumentando assim sua eficiência (quanto menor for o índice de compressão e deformação de um conduíte, mais precisa será a ‘puxada’ do cabo).
Devido às forças exercidas pelas puxadas do cabo em um sistema de freios serem muito maiores que nos sistemas de transmissão, conduítes de freio dever ser reforçados com materiais como o kevlar entre a malha e o revestimento externo para evitar o desgaste prematuro.
Entre os fabricantes que produzem este tipo de conduíte, destacam-se a Shimano, a Jagwire e a SRAM.
Conduíte de anéis de alumínio
Uma alternativa aos modelos de construção convencionais é p conduíte formado por anéis de alumínio interligados entre si. Entre suas vantagens destacam-se uma maior flexibilidade, peso reduzido e maior durabilidade, embora via de regra sejam mais caros que os demais modelos.
Sistemas selados
Os sistemas de cabos e conduítes selados desenvolvidos pelas empresas Gore RideOn e Jagwire utilizam um tubo flexível contínuo entre o trocador de marcha e o câmbio, instalado entre o conduíte e o cabo, que protege ambos contra sujeira, lama ou qualquer outra coisa que cause fricção.
Para que haja o mínimo de atrito e manutenção, são utilizados em conjunto com cabos de aço revestidos de Teflon ou PTFE, além de um lubrificante especial inserido dentro da tubulação interna.
Para evitar contato com a sujeira, as extremidades dos conduítes possuem coifas de borracha ou silicone que protegem a entrada.
Cuidados e manutenção
Alguns cabos novos necessitam de um pequeno período de alongamento para seus fios, o que pode fazer com que a transmissão pareça desregulada, ainda que a bicicleta tenha recém saído da revisão. Após algumas pedaladas, leve sua bike para o mecânico fazer um ajuste fino que corrigirá o problema. Para evitar este problema, fabricantes como a SRAM, Shimano e Jagwire fornecem cabos pré-esticados de fábrica.
Os sistemas de cabos e conduítes novos com revestimento a base de teflon não necessitam ser lubrificados, assim como os sistemas selados, que já vem com seu próprio lubrificante. No caso dos cabos teflonados, a manutenção se resume a retirá-los e limpá-los com um pano seco ou substituí-los, caso o revestimento esteja comprometido.
Por outro lado, bicicletas que utilizem cabos e conduítes convencionais se beneficiam com a aplicação de uma fina camada de óleo nos cabos, que neste caso funciona mais como prevenção contra ferrugem do que como lubrificante. Uma área em especial a ser lubrificada é a do pequeno pedaço de conduíte curvo conectado ao câmbio traseiro, área de maior atrito no conjunto.
Para a lubrificação, utilize óleos de baixa viscosidade, como os modelos TRI Flow e Finish Line Teflon-Plus, que penetram mais facilmente pelo interior dos conduítes.
Seja qual for o tipo do cabo ou conduíte utilizado, substitua-o sempre que ocorram desfiamentos ou dobraduras. Devido ao possível acúmulo de sujeira e água em seu interior, o ideal é realizar a troca dos conduítes a cada três ou quatro revisões da bicicleta, sempre acompanhada da troca dos cabos correspondentes.