23 de novembro de 2024
Válvulas de câmaras de ar

Tipos de válvulas para câmaras de ar e pneus de bicicleta

Conheça as vantagens e desvantagens de cada modelo disponível no mercado

Uma dúvida frequente, principalmente entre os iniciantes do ciclismo, diz respeito aos tipos de válvulas encontrados em câmaras de ar e pneus tubeless para bicicletas. Afinal, quais as diferenças de funcionamento entre um modelo e outro e quais são as suas vantagens e desvantagens?

Basicamente falando, uma válvula de ar é um dispositivo que visa possibilitar o enchimento de uma câmara de ar ou pneu tubeless com ar comprimido, sem deixar que o ar retorne uma vez inserido.

Atualmente, são utilizadas no ciclismo dois tipos de válvulas: a Schrader, amplamente utilizada em automóveis e algumas bicicletas e a válvula Presta, utilizada exclusivamente em bicicletas. Outros modelos de válvulas, como a Dunlop estão caindo em desuso e quase não são mais encontradas.

Válvula Schrader (“bico grosso”)

 

Válvula Schrader
Câmara de ar com válvula Schrader

A válvula Schrader, também conhecida como válvula americana ou simplesmente válvula de bico grosso, é hoje em dia utilizada por quase toda categoria de veículo, como bikes, automóveis e até em aviões. Além do uso em câmaras de ar, também é empregada em outros equipamentos pneumáticos, como amortecedores a ar comprimido.

SchraderSeu nome deriva de seu inventor, o imigrante alemão radicado nos Estados Unidos August Schrader, que patenteou a válvula em 1893. Na época, Schrader tornou-se amigo e associado de Charles Goodyear, um pequeno empresário da vulcanização de borracha e que se tornaria um dos maiores fabricantes de pneus do mundo. Sua parceria levou à popularização de seu modelo de válvula, que hoje é a mais utilizada no mundo.

A válvula Schrader é constituída com um pequeno corpo de forma cilíndrica que é fixado ao pneu ou câmara de ar. Em seu interior encontra-se um suporte metálico roscado, com uma haste central no qual um obturador de forma cônica que mantém mantém a abertura fechada por uma mola em sua base. Via de regra, a entrada da válvula é protegida por uma tampa rosqueada.

Em sua posição normal, a válvula Schrader encontra-se fechada graças à força da mola, que pressiona o obturador sobre um ressalto interno, impedindo a saída de ar.

Quando o ar é injetado sob pressão, a força exercida pelo seu fluxo vence a força de retenção da mola, abrindo o obturador e permitindo sua entrada. Para libertar o ar no interior da câmara, basta pressionar manualmente a haste da válvula.

Válvula Schrader
Mecanismo interno da válvula Schrader. Note a mola do obturador em sua extremidade

A grande vantagem do uso das válvulas Schrader está na facilidade de podermos encher os pneus de nossas bicicletas em qualquer posto de gasolina que possua um compressor. Além disso, válvulas Schrader possuem boa vedação, o que as torna perfeitas para a utilização em amortecedores e canotes de selim telescópicos de acionamento pneumático.

Devido ao seu tamanho e construção, válvulas Schrader são mais pesadas e exigem um maior orifício de passagem no aro de roda da bicicleta, o que pode inviabilizar o seu uso em bicicletas com rodas aero ou de perfil estreito.

Outra desvantagem deste tipo de válvula é que seu mecanismo de mola proporciona maior resistência à entrada de ar, o que torna o uso de bombas de ar manuais uma tarefa mais cansativa, por exigir um maior esforço. Além disso, por não utilizarem porca de fixação no aro da roda, tem uma tendência a entrar dentro da mesma, obrigando o ciclista a desmontá-la.

Ao utilizar válvular de ar Schrader, é muito importante protegê-la com a tampa plástica rosqueada para evitar seu acionamento acidental e proteger o mecanismo interno, que é mais frágil e sujeito à corrosão que as válvulas Presta.

Válvula Presta (“bico fino”)

Válvula Presta
Câmara de ar com válvula Schrader

 

Conhecida também como válvula Sclaverand, válvula francesa ou simplesmente válvula de “bico fino”, a válvula Presta é amplamente utilizadas em bicicletas de estrada e em mountain bikes de nível intermediário a topo de linha.

Válvula Presta
Núcleo da válvula Presta, com o obturador em uretano à direita e a rosca de fechamento à esquerda

Criada desde sua concepção original para a utilização em pneumáticos de bicicleta, a válvula foi desenvolvida pelo francês M. Sclaverand em 1900 para a fábrica francesa Zéfal.

Sua construção é extremamente simples: um tubo metálico com 6mm de diâmetro abriga um núcleo com um obturador de uretano em sua parte inferior. Na parte externa, uma tampa rosqueada impede que, uma vez fechada, o ar escape.

Ao contrário do sistema Schrader, o núcleo da válvula Presta não possui mola em seu obturador: a própria força do ar comprimido dentro da câmara de ar ou pneu força o obturador a manter-se fechado, abrindo apenas quanto sua extremidade é pressionada. Sem a resistência da mola, fica muito mais fácil encher o pneu utilizando bombas de ar portáteis.

Adaptador válvula Presta
No caso das válvulas Presta, o uso de adaptadores como os da foto é imprescindível para que se possa encher os pneus em manômetros de posto de gasolina

Outra grande vantagem da válvula Presta é seu diâmetro reduzido, o que facilita sua instalação nos aros de rodas mais finos e leves utilizados em bicicletas de estrada ou mountain bikes XC.

Por outro lado, sua construção mais delgada e a ponta externa menos protegida torna a válvula Presta mais frágil que as válvulas de ‘bico grosso’, além de exigir o uso de adaptadores para encher os pneus em manômetros de posto de gasolina.

Dicas de uso

Use sempre a tampinha – Os núcleos das são extremamente sensíveis a sujeira. Um único grão de areia ao penetrar no interior da válvula poderá emperrar o mecanismo do obturador, fazendo com que o mesmo para de vedar corretamente a saída de ar.

Tampa de válvula Presta
O uso da tampinha evita danos ao núcleo da válvula

No caso da válvula Presta em especial, o mecanismo de rosqueamento que impede seu acionamento acidental pode ficar seriamente comprometido caso receba alguma pancada que empene seu eixo.

Cuidado com cartuchos de CO2 – Um cuidado especial deve ser tomado ao se utilizar bombas de ar com cartuchos de CO2. A drástica queda de pressão que ocorre quando o gás carbônico sai do cartucho em direção à câmara de ar pode fazer com que a base de uretano do obturador congele e perca sua eficiência em vedar a saída de ar. Para evitar isto, após encher o pneu, jogue um puco de água de sua garrafa na válvula para derreter algum gelo que por ventura esteja dentro da válvula.

Atenção aos vazamentos – Quando estiver procurando por furos e vazamentos na câmara de ar não deixe de inspecionar também a válvula. Uma válvula suja ou danificada pode não conseguir reter corretamente o ar. Para conferir, coloque um pouco de saliva na saída da válvula: Se houver vazamento, haverá a formação de espuma.

Proteja a válvula quando for utilizar a bomba de ar – Válvulas de ar são mecanismos sensíveis e bastante frágeis, podendo danificar-se facilmente caso sejam inseridas incorretamente na cabeça da bomba de ar. Este problema é particularmente frequente no caso de bombas portáteis, já que, por não possuírem mangueira entre o corpo e a cabeça, transmitem os movimentos de bombear diretamente para a válvula.

Para evitar este tipo de problema, durante o bombear, mantenha uma das mãos na cabeça da bomba o mais firme possível, evitando sacudir a válvula em relação à roda. A utilização de bombas de ar com mangueiras minimiza a possibilidade de danos à válvula.

Orifício do aro da roda e diâmetro da válvula

Atualmente, a grande maioria dos aros e rodas de nível intermediário / competição utilizam orifícios de 6mm, para a utilização com válvulas Presta. Embora os aros com orifícios de 8mm para válvulas de bico grosso possam utilizar tanto câmaras de ar com válvulas Schrader quanto Presta (através do uso de um redutor plástico), a recíproca não é verdadeira. Jamais tente alargar um orifício de aro para acomodar uma câmara com válvula Schrader. O resultado poderá danificar permanentemente sua roda.

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