O objetivo é triplicar a quantidade de trajetos realizados a bicicleta, passando dos atuais 5% para 15%. Paris deverá contar com o dobro de vias ciclistas, com 1.400 quilômetros exclusivos
O ciclismo já faz parte do cotidiano dos parisienses, mas a prefeitura de Paris quer ir muito além: está determinada a transformar a cidade na capital mundial da bicicleta. A prefeita socialista, Anne Hidalgo, lançou um plano de ação até 2020, que inclui a diminuição do espaço para os carros nas ruas e a abertura de vias exclusivas para os ciclistas.Além disso, alguns dos eixos centrais da capital francesa, como a rue de Rivoli, cederão uma faixa para as bicicletas. A ousada proposta visa atender a uma antiga reclamação dos ciclistas parisienses, a de que os motoristas desrespeitam a convivência mútua com as bicicletas.
“O mais importante é acabar com todos os obstáculos ao ciclismo. As pesquisas mostram que muita gente diz que gostaria de andar mais de bicicleta, mas ou tem medo do tráfego intenso e não se sente à vontade em meio à circulação dos carros, ou simplesmente tem medo que a bicicleta seja estragada ou roubada enquanto estiver na rua”, afirma o prefeito-adjunto de Paris Christophe Najdovski, que responde pela pasta dos Transportes.
“O importante é acabar com todos os obstáculos ao ciclismo. Muita gente diz que gostaria de andar mais de bicicleta, mas tem medo do tráfego intenso ou não se sente à vontade em meio à circulação dos carros”
Investimento inédito – A prefeitura promete instalar estacionamentos mais seguros para as bicicletas nas ruas. No total, o plano terá um investimento pesado do governo municipal, de € 150 milhões em cinco anos. O valor é equivalente ao gasto por Amsterdã, uma referência mundial na adaptação do espaço público para os ciclistas. A diferença é que a política holandesa se iniciou nos anos 1970.
Para compensar o atraso, a capital francesa quer implantar a ambiciosa rede “Express vélo”, que terá vias de mão dupla para os ciclistas de norte a sul, de leste a oeste e acompanhando o curso do rio Sena, que corta a cidade.
“A bicicleta é um modo eficiente de transporte, econômica e muito boa para a saúde e o meio ambiente. Cada um de nós tem, potencialmente, a chance de começar a usá-la”, observa Najdovski. “A abertura para o desenvolvimento da bicicleta nas grandes cidades é enorme.”
Tudo menos carro – O prefeito-adjunto ressalta que a cidade é densa, com distâncias curtas, o que facilita a adoção de novos hábitos pelos parisienses. Nos últimos anos, a vida dos motoristas se tornou cada vez mais difícil nas ruas da capital, resultado de uma política deliberada do governo municipal para estimular o uso dos transportes públicos e das bicicletas.
O número de vagas de estacionamento público para carros despencou e a velocidade máxima autorizada caiu para 30km/h em várias partes da cidade. As medidas vão se acentuar até 2020, segundo a prefeitura, para propiciar mais segurança para os ciclistas. A velocidade poderá chegar a 50km/h em apenas 10% das ruas parisienses.
“O que é preciso entender é que a cidade do século 21 terá uma mobilidade sustentável, onde diferentes meios de transporte compartilham o mesmo espaço. Não estamos mais no século 20, quando o carro era o único modo de transporte na cidade”, ressalta.
O “Plano Vélo” poderá ajudar a capital francesa a lutar contra um problema crescente, o da poluição por partículas finas emitidas por carros e ônibus. Por enquanto, a estimativa de impacto das novas medidas na poluição atmosférica ainda não foi estabelecida.
Fonte: Radio France Internationale, por Lúcia Müzell