Que a SRAM está desenvolvendo um novo grupo eletrônico wireless de estrada não é novidade. Mas quando ele será lançado e quais as principais diferenças em relação aos seu concorrentes da Shimano e da Campagnolo?
Aos poucos, um dos segredos mais mal guardados da história do ciclismo vem surgindo a tona. Visto em testes pela última vez durante o Tour Down Under em janeiro, o novo grupo eletrônico da SRAM está em fase final de projeto.Ainda sem nome próprio oficial (extra-oficialmente ele é chamado de Red eletrônico), a SRAM ainda não tem definida a data de seu lançamento, porém especula-se que no máximo até setembro teremos no mercado um competidor a altura do sistema Di2 da Shimano.
Enquanto isto não acontece, só nos resta conferir abaixo as novidades e características deste novo grupo.
Novo sistema de troca
Os grupos de estrada atuais da SRAM utilizam o sistema de troca de marchas conhecido como DoubleTap, no qual cada alavanca é responsável por subir (toque curto) ou descer (toque longo) a marcha.
O novo grupo eletrônico da SRAM utilizará um novo sistema de troca chamado eTap, no qual uma das alavancas é responsável por baixar as marchas do câmbio traseiro, e a outra por aumentá-la. Já a troca das coroas é realizada ao se pressionar ambos os botões simultaneamente.
O novo grupo contará também com a opção de trocadores remotos, que podem ser instalados, por exemplo, em clips de guidão.
Baterias individuais
Ao contrário de seus concorrentes, o grupo Shimano Dura-Ace Di2 e o Campagnolo EPS, que utilizam cabos elétricos e uma bateria central, o novo grupo eletrônico da SRAM é totalmente wireless. Se por um lado traz a vantagem óbvia da facilidade de instalação, por outro lado obriga que cada componente eletrônico (passador e câmbios) tenha sua própria fonte de alimentação.
Felizmente, a bateria utilizada no novo grupo é a conhecida ‘bateria de relógio’ CR2032, utilizada em centenas de ciclocomputadores e que possui baixo custo e é facilmente encontrada nas lojas.
Embora não sejam recarregáveis, segundo informações, a vida útil dessas baterias ao serem instaladas no novo grupo é de cerca de um ano!
Essa impressionante vida útil é devida ao fato que os câmbios trabalham no modo ‘Sleep’, ou seja, permanecem desligados até serem acionados, ao contrário do Campagnolo EPS, que permanece ligado o tempo todo.
Pareamento de componentes
Como já havíamos citado, a grande vantagem que um grupo eletrônico wireless pode oferecer é sua facilidade de instalação. O novo grupo eletrônico da SRAM não possui fios a serem distribuídos pelo quadro e nem uma volumosa bateria a ser ocultada. Isto, obviamente traduz-se também em uma boa diminuição no peso final.
Por outro lado, nada disto serve para nada se os componentes não comunicarem-se entre si com precisão, rapidez e sem interferências.
A atual patente do sistema SRAM wireless é cheia de detalhes técnicos sobre o processo de pareamento entre o passador e os câmbios. Segundo a patente, o sistema é extremamente simples e permitirá a customização das trocas, uma das maiores novidades que os câmbios eletrônicos trouxeram.
Cada câmbio e trocador de marcha possui um botão de pareamento, para sincronizarem entre si. A indicação que a sincronia foi bem sucedida é mostrada através de um LED instalado em cada componente. Este mesmo LED informa também sobre a vida útil da bateria e problemas na unidade.
Cada componente possui seu próprio código de identificação (ID), o que significa que além do processo só necessitar ser realizado no momento da instalação, não sobre interferências de outras bicicletas que utilizem o mesmo grupo transmissor nas proximidades.
Conectividade
O novo grupo eletrônico SRAM utiliza os mesmos protocolos de transmissão de dados Bluetooth Smart e ANT+ utilizados por fabricantes de eletrônicos para ciclismo, como ciclocomputadores, GPS, câmeras de ação, monitores cardíacos etc.
Ao contrário do grupo Shimano Di2, que necessita de um acessório (D-Fly) para comunicar-se com computadores/GPS da Garmin, especula-se que o novo grupo SRAM irá possuir nativamente esta capacidade, o que significa poder utilizar modelos da série Edge 1000, 810 e 510 para mostrar em sua tela informações como relação utilizada e duração das baterias. Outras utilizações poderão ser posteriormente disponibilizadas através de atualizações de firmware.
Dúvidas ainda não reveladas
Múltiplas trocas de marchas?
Ainda não está claro se o novo sistema permitirá múltiplas trocas ao se manter pressionado o botão correspondente, como é o caso do grupo eletrônico Shimano Dura-Ace Di2. Outro ponto ainda não revelado é se o novo câmbio dianteiro irá ajustar-se automaticamente para evitar o arrasto da corrente, ou será necessário um ajuste fino manual.
Será compatível com relações 1x?
Ainda não há informações se o novo grupo eletrônico SRAM será compatível com relações de coroa única, embora recentemente o próprio fabricante tenha lançado dois novos grupos mecânicos com esta característica, o Rival 1 e o Force 1.
A principal dificuldade na compatibilidade dos componentes deriva do fato que em todas as fotos publicadas do novo grupo eletrônico SRAM mostravam um câmbio traseiro do tipo short-cage, incompatível com os cassetes de 11-42 dentes utilizados por grupos de uma única coroa.
Caso a SRAM opte por oferecer o novo grupo com a opção de relação 1x terá que, necessariamente, oferecer a opção de câmbio traseiro com um cage maior.