Na ocasião, o prefeito destacou a importância do trecho recém-inaugurado. “Isso aqui não é uma política partidária, não é uma política de governo. É uma política que deveria ser abraçada por todos os partidos, por todos os governos, para que pedestres e ciclistas tivessem o seu espaço garantido, além do transporte público. É importante para a cidade também pelo simbolismo. O principal cartão postal da América Latina agora tem um marco, que é a malha cicloviária”, declarou.
“Essa não é uma vitória só minha, é uma vitória de São Paulo. Espero que ocorra em outros Estados do Brasil, se tornando uma revolução’
David Santos Sousa, que em 2013 perdeu o braço esquerdo após ser atropelado enquanto pedalava na Paulista, comemorou a inauguração do novo espaço. “Vários colegas morreram devido à falta de proteção e à imprudência de alguns motoristas. Não é só uma ciclovia, é proteção à vida. Essa não é uma vitória só minha, é uma vitória de São Paulo. Espero que ocorra em outros Estados do Brasil, se tornando uma revolução”, disse. O ciclista aprendeu a pedalar usando apenas um braço – mesmo tendo ganhado uma prótese – e há cerca de dois anos voltou a circular de bicicleta pela cidade.
“A observância das regras é fundamental para a segurança, não apenas dos ciclistas, mas [também] dos pedestres”
Ações educadoras – Segundo o prefeito, outra ciclovia importante para a capital, localizada sob o Elevado Presidente Costa e Silva (Minhocão), tem previsão de entrega para o final do mês de julho, ainda sem data definida. Devido ao aumento das vias destinadas à circulação exclusiva de bicicletas, a administração municipal estuda a possibilidade de intensificar suas ações educativas. “A observância das regras é fundamental para a segurança, não apenas dos ciclistas, mas [também] dos pedestres. Nós fizemos uma campanha de proteção ao ciclista antes da malha cicloviária. Talvez tenha chegado o momento de fazer uma campanha para o ciclista observar as regras, que são pouco conhecidas. O poder público vai ter que atuar nessa direção também”, afirmou o prefeito.
Com o grande número de pessoas que passaram pela Paulista ao longo do dia – para usufruir da avenida sem carros, da nova ciclovia e da ciclofaixa de lazer, que funcionou normalmente das 7h às 16h –, o secretário municipal Jilmar Tatto (Transportes) voltou a falar sobre a possibilidade de interdição total da via aos domingos.
“Seria bom fazer da Paulista, aos domingos, um grande parque, onde as pessoas pudessem passear com tranquilidade, com segurança”
“Seria bom fazer da Paulista, aos domingos, um grande parque, onde as pessoas pudessem passear com tranquilidade, com segurança. Nós estamos estudando tecnicamente. Não estaríamos reinventando a roda, em todos os lugares do mundo isso acontece. Está em teste”, destacou.
Com as inaugurações deste domingo, São Paulo passa a ter 334,9 quilômetros de malha cicloviária, incluindo 31,9 quilômetros de ciclorrotas. Aos domingos e feriados, a cidade conta ainda com 140 quilômetros de ciclofaixas de lazer. A atual gestão inaugurou 238,3 quilômetros de ciclovias desde junho de 2014. Antes, São Paulo possuía apenas 64,7 quilômetros. Para alcançar a meta 97 do Programa de Metas do Município, que prevê a implantação de 400 quilômetros de vias cicláveis, a administração municipal prevê o investimento de R$ 80 milhões.
Estrutura – Com 2,7 quilômetros de extensão, a ciclovia da Paulista foi construída com concreto pigmentado, método que confere maior durabilidade, regularidade e resistência ao piso. Alguns trechos, próximos a semáforos, ganharam grades para a proteção dos ciclistas. A fim de garantir maior segurança nas travessias, a sinalização semafórica existente foi sincronizada para o fluxo de bicicletas.
O espaço destinado aos pedestres não foi alterado. As oito faixas de rolamento foram redimensionadas e mantidas, sendo seis delas para veículos em geral e duas exclusivas para os ônibus, divididas em ambos os sentidos.
Prêmio Transporte Sustentável
Em janeiro deste ano, a cidade de São Paulo foi uma das vencedoras da 10ª edição do Sustainable Transportation Award (Prêmio Transporte Sustentável), por conta da implantação de 150 quilômetros de ciclovias e de mais de 460 quilômetros de faixas exclusivas para ônibus. O prêmio, organizado pelo Institute for Transportation e Development Policy (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento), foi entregue em Washington, nos Estados Unidos.
Criado em 2005, o prêmio é concedido a cidades que executam projetos de transporte inovadores e sustentáveis. Além de melhorar a mobilidade urbana, o projeto de transporte deve reduzir o efeito estufa e as emissões de poluição do ar, além de melhorar a segurança e o acesso para ciclistas e pedestres. Os finalistas são selecionados por um comitê internacional de especialistas em desenvolvimento e por organizações que trabalham no transporte sustentável.