21 de novembro de 2024

UCI confirma o primeiro caso de ‘doping mecânico’ no Ciclismo

Atleta belga de ciclcocross Femke Van den Driessche é flagrada com motor embutido no quadro da bicicleta

O presidente da União Ciclística Internacional (UCI), Brian Cookson, confirmou neste domingo (31) que uma ciclista belga da categoria sub-23 foi flagrada durante o campeonato mundial de ciclocross com um pequeno motor escondido dentro do quadro de sua bicicleta.

Segundo Cookson, a bicicleta de Femke Van den Driessche, uma das favoritas ao título, participava da competição, realizada na cidade de Heusden-Zolder, na Bélgica, quando teve sua bicicleta apreendida após uma inspeção de rotina que comprovou a existência da fraude. De acordo com os fiscais da UCI, foi encontrado no interior do quadro um pequeno motor conectado ao pedivela.

Motor

“Para nós não há a menor dúvida que houve um grave caso de fraude tecnológica. Havia no interior do quadro um motor escondido”, afirmou Brian Cookson em uma coletiva de imprensa.

“Bicicleta do amigo” – Logo após o flagrante, a ciclista de 19 anos defendeu-se da acusação com uma justificativa no mínimo inusitada, alegando que a bicicleta apreendida era na verdade de um amigo e que por ser idêntica a sua, foi confundida pelo mecânico de sua equipe que a trocou por engano antes da corrida.

“Esta não é a minha bicicleta”, disse Van den Driessche aos prantos em entrevista ao canal de TV belga Sporza. “Meu amigo andou com ela no dia anterior pelo percurso antes de deixá-la no caminhão [da equipe]. Nosso mecânico, pensando que fosse a minha bike, lavou-a e preparou-a para a competição”, disse a ciclista, insistindo que não tinha a menor ideia que a bicicleta tivesse um motor oculto.

“Estou me sentindo péssima com o ocorrido, mas tenho absoluta convicção de que não fiz nada de errado”, completa.

Femke Van Den Driessche vence o Campeonato Europeu de Ciclocross Sub-23 - Foto: Bettini
Femke Van Den Driessche vence o Campeonato Europeu de Ciclocross Sub-23 – Foto: Bettini

Repercussão – Esta não é a primeira vez que denúncias de ‘doping de bicicletas’ existem, embora Femke Van den Driessche tenha a duvidosa ‘honra’ de ter sido a primeira atleta flagrada com este tipo de fraude.

A comprovação da fraude vai de encontro às denúncias do ex-ciclista italiano Davide Cassani que dizia que o chamado ‘doping de bicicleta’ não apenas existiria, como estaria sendo utilizado desde 2004, conforme ele afirma em esta entrevista realizada em 2010:

“Ao longo dos anos temos ouvido todo tipo de histórias sobre o chamado ‘doping tecnológico’ e nos últimos anos temos aumentado a fiscalização para evitar a ocorrência de fraudes”, disse Cookson.

Punição – O assunto será julgado pela Comissão Disciplinar da UCI. De acordo com o regulamento, caso seja considerada culpada das acusações, a atleta belga não apenas será desclassificada, como poderá tomar uma suspensão de seis meses e ainda levar uma multa que pode chegar ao valor de 200 mil francos suíços (cerca de 800 mil reais).

Patrick Lefevere, gerente da equipe belga Etixx-Quick Step defende uma punição exemplar para este tipo de fraude, como a expulsão permanente da atleta do ciclismo. Já o treinador da seleção belga de ciclismo Rudy De Bie disse estar se sentindo “ultrajado” com a notícia: “Eu nunca pensei que este tipo de fraude fosse possível. Trata-se de um escândalo que envergonha a Federação Belga de Ciclismo”, completa.

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