Celulose obtida a partir de resíduos oriundos dos esgotos é filtrada e esterilizada antes de ser misturada ao asfalto, gerando um piso permeável à água e muito mais durável
Criar uma infraestrutura necessária para manter nada menos que 35 mil quilômetros de ciclovias não é tarefa fácil, mesmo para um paraíso ciclístico como o a Holanda. Na busca de materiais alternativos que proporcionem maior durabilidade e praticidade no recapeamento do piso das vias destinadas às bicicletas, o país encontrou uma solução inovadora, que utiliza um produto no mínimo inusitado: papel higiênico reciclado, extraído dos esgotos das cidades.Com ajuda de uma peneira industrial, as fibras da celulose oriundas do papel higiênico retirado das águas residuais são separadas, para em seguida serem limpas, esterilizadas e branqueadas. O resultado é um material que, uma vez misturado ao asfalto permite uma maior porosidade, aumentando a absorção da água da chuva e evitando a ocorrência de poças, além de aumentar a durabilidade da pista.
A implementação do projeto que utiliza o material teve início no ano passado ao longo da ciclovia de um quilômetro de extensão que liga as cidades de Leeuwarden e Stiens e foi concluída em setembro deste ano. O próximo passo é expandir o projeto para todo o país.
“A Holanda consome anualmente quase 180 mil toneladas de papel higiênico, o que confere ao material retirado dos esgotos do país um alto potencial econômico na extração de celulose de alta qualidade”, disse Carlijn Lahaye, diretor da CirTec, uma das empresas por trás do projeto.