Medalhista de ouro na competição fala das dificuldades e superação na prova mais importante do calendário continental, realizada neste fim de semana na Colômbia
Vindo de uma sequência de provas na Europa, com o Cape Epic na sequência, na África do Sul, aproveitei para recarregar as energias no Brasil antes de seguir a mais uma viagem. O desafio seguinte foi o Campeonato Pan-Americano, prova mais importante no continente, realizado este ano novamente na Colômbia.Chegamos a Pereira Risaralda e encontramos um clima muito instável, variando sol e chuva, calor e frio. A pista amanhecia sempre muito úmida e repleta de barro, mas se transformava ao longo do dia. Passamos 3 dias buscando o melhor setup para andar naquelas condições difíceis, com várias quedas decorrentes das partes escorregadias. Felizmente, na sexta-feira o tempo virou e a pista secou. O circuito ficou veloz e duro, com muitas subidas curtas. As chuvas dos últimos dias deixaram a pista com muitos buracos e valetas, batendo muito e deixando a pilotagem muito desgastante.
Nos primeiros dias, confesso que fiquei um pouco frustrada por não conseguir pedalar direito. Foi mais uma viagem longa que castigou o corpo e estava bem difícil me encontrar naquele circuito. Para piorar, estava bem temerosa de não ter conseguido me recuperar o suficiente após o Cape Epic. Felizmente, quando o sol deu o ar da graça, comecei a me encontrar e as opções que levei de pneus e coroa começaram a funcionar bem. Após vários dias de treino, consegui entender bem a pista e montar uma boa estratégia de prova com o meu coach, Flavio Magtaz.
Alinhei no domingo, às 13h, para 5 voltas + start loop. Consegui assumir a liderança já no início da prova e segui muito concentrada para manter um bom ritmo e errar o mínimo possível. A cada volta, aproveitei os pontos onde conseguia abrir alguma diferença para as outras atletas. Nessa prova, ter sangue frio era fundamental. Abri uma vantagem entre 20 e 40 segundos e depois fui só administrando, guardando energia para caso precisasse no final e andando dentro de uma zona segura de pilotagem.
Este foi um aprendizado que tive nas duas últimas etapas do Cape Epic. Agora busco encontrar essa fluidez durante a prova, confiando no meu feeling de entender o que o meu corpo está dizendo.
Desta vez não teve helicóptero acompanhando a minha chegada, mas a emoção foi igual. Senti uma alegria que transbordava a cada curva que antecedia a reta final. Mais uma vez, vejo que, sim, é
possível e toda dedicação vale a pena.
Com mais um sonho realizado, agradeço a minha equipe, PMRA Racing Team, à Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC), meu treinador, Victor Rodriguez, Flavio Magtaz e minha família, por sempre estarem ao meu lado.
Agora de volta ao Brasil, o próximo desafio desse imenso bloco de provas será a primeira etapa da CIMTB em Araxá. Vamos ver como meu corpo responde, mas como sempre: Andar com fé eu vou porque a fé não costuma falhar!
Raiza Goulão