23 de novembro de 2024
Foto: Agência UEL de Notícias / Divulgação

Estudo mapeia locais de maior incidência de acidentes com bicicletas em Londrina (PR)

Pesquisa “Bicicleta e espaço urbano” faz mapeamento dos principais locais desses acidentes e propõe projeto de conexão entre as ciclovias e ciclofaixas da cidade para garantir a segurança dos ciclistas

Segundo dados do Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma (SIATE), aproximadamente 2.400 acidentes com ciclistas foram registrados no período de 2006 a 2016 em Londrina. A informação foi levantada para o trabalho de conclusão de curso do geógrafo recém-formado Matheus Oliveira Martins da Silva. Intitulada Bicicleta e espaço urbano: a realidade das ciclovias e ciclofaixas como equipamentos de mobilidade urbana na cidade de Londrina/PR, a pesquisa fez um mapeamento dos principais locais desses acidentes e propôs um projeto de conexão entre as ciclovias e ciclofaixas da cidade para garantir a segurança dos ciclistas.

Orientado pelo docente Fabio César Alves da Cunha, do Departamento de Geociências, do Centro de Ciências Exatas (CCE), o estudante dividiu os acidentes com ciclistas em quatro categorias no recorte de 10 anos: entre bicicletas e ônibus, com 71 ocorrências, sendo que sete tiveram óbito; entre bicicletas, com 76 ocorrências; com motos, registradas 730 ocorrências, sendo que duas levaram a óbito; e com carros, registrando 1.448 acidentes em 500 ruas da cidade, com 11 óbitos.

O estudante então identificou que os locais com maior número de acidentes são os que recebem maior circulação de ciclistas. A partir disso, mapeou as 10 vias mais perigosas. Na ordem, pelo número de acidentes registrados nesses 10 anos estão: Rodovia PR-445; Avenidas 10 de Dezembro; Tiradentes; Guilherme de Almeida; Saul Elkind; Brasília; Winston Churchil; Leste-Oeste; Arthur Thomas; e Avenida Duque de Caxias.

“Não temos infraestrutura para oferecer a mínima segurança para o ciclista. A Rede Cicloviária de Londrina é deficitária e incompleta, falta conexão entre as ciclovias”

Matheus Oliveira lembra que a PR-445 foi duplicada recentemente e não teve nenhum projeto de ciclovia executada. Além disso, dessas ruas, somente duas têm ciclovias, a Leste-Oeste, em apenas um trecho, e Avenida Saul Elkind, que ainda está em obras. “As pessoas têm medo de andar de bike. Não temos infraestrutura para oferecer a mínima segurança para o ciclista. A pesquisa conseguiu chegar nesse ponto: a Rede Cicloviária de Londrina é deficitária e incompleta, falta conexão entre as ciclovias”, apontou o professor Fabio Cunha.

Situação atual – Uma pesquisa realizada com 500 ciclistas pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (IPPUL) identificou que 60% dos entrevistados usam a bicicleta para trabalho e estudo. Devido à grande utilização, o IPPUL elaborou um Plano Cicloviário inicial em 2006 e planejou 318,8 km de vias para bicicletas na cidade de Londrina. Em 12 anos, foram realizados 20 km de ciclovias e ciclofaixas. Porém, 6 km são utilizados apenas para o lazer, na região central.

Segundo o professor, os 20 km de ciclovia e ciclofaixas da cidade têm alguma deficiência: a sinalização não é adequada (pintura da via totalmente em cor vermelha) ou os trechos não têm conexão entre eles. “Isso seria o mínimo necessário para garantir a conexão entre as quatro regiões da cidade e o mínimo de segurança possível para o ciclista, com ciclofaixas bem sinalizadas. É o mínimo para garantir a mobilidade em grande parte da cidade e fazer essa conexão que ainda não existe”, defende.

Entre os trechos recentemente pintados, está o Campus Universitário. O estudante afirma ser muito importante ter essa opção dentro da Universidade, porém o grande problema é como o ciclista chega à UEL. De acordo com a pesquisa, não há ciclofaixa que venha da cidade para fazer essa conexão do centro para a UEL.

“Levar em consideração que nos últimos 10 anos a frota aumentou muito. A mobilidade enfrentou cada vez mais problemas na cidade. Uma das formas de resolver o problema da mobilidade é ter o transporte alternativo. Para isso é preciso de uma infraetrutura mínima”

“Levar em consideração que nos últimos 10 anos a frota aumentou muito. A mobilidade enfrentou cada vez mais problemas na cidade. Uma das formas de resolver o problema da mobilidade é ter o transporte alternativo. Para isso é preciso de uma infraetrutura mínima”, avalia o professor.

Proposta – Em uma conta rápida, o professor disse que os 2.400 acidentes com bicicletas registrados nos últimos 10 anos equivalem a 240 por ano e a 20 por mês. O número, segundo ele, é assustador. Para solucionar o problema, o geógrafo recém-formado propôs 24 ações que visam facilitar e dar maior segurança ao tráfego por bicicletas. São propostas de ações prioritárias visando a construção e expansão das ciclovias e ciclofaixas para a cidade de Londrina.

A principal ação é interligar os trechos de ciclovias já existentes na cidade. Um dos pontos (13), como apontado no mapa, é “Na Avenida Presidente Castelo Branco com continuação na rua Goiás e Avenida JK até a rua Alagoas, ligando a UEL ao centro da cidade”. Ou a sugestão de interligação mais longa, como no ponto 22: “PR 445 ligando as Avenidas Guilherme de Almeida, Dez de Dezembro, Harry Prochet, Madre Leônia Milito, Castelo Branco, Arthur Thomas e Tiradentes”.

Considerando o relevo de Londrina, o professor Fabio Cunha explica que as principais avenidas da cidade acompanham os leitos dos rios ou estão nas regiões mais altas, chamadas de espigão, dividindo duas bacias hidrográficas. Nos dois pontos não há desnível, o que facilita o deslocamento dos ciclistas e, consequentemente, a criação das ciclovias. As 10 vias mais perigosas listadas, por exemplo, não têm o nível acentuado.

Matheus Oliveira Martins da Silva adianta que a proposta criada deve ser apresentada ao IPPUL e pode colaborar com os órgãos públicos na elaboração de um Plano de Mobilidade para o Município que inclua um projeto cicloviário em Londrina.

Fonte: Universidade Estadual de Londrina

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