O total de mortes em acidentes de trânsito em geral caiu 7,1%. Dados são do Infosiga, sistema do governo estadual de São Paulo que divulga dados de acidentes de trânsito
O número de mortes de ciclistas em acidentes de trânsito aumentou 17,8% no estado de São Paulo no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2017, passando de 73 para 86 ocorrências. Os dados são do Infosiga SP, sistema do governo estadual de São Paulo que divulga dados de acidentes de trânsito.“Vários fatores contribuem para esse dado, entre eles o aumento do número de ciclistas nas cidades. Temos atuado junto aos municípios e contemplado projetos que favorecem esse grupo, incluindo a construção de ciclovias e melhorias na sinalização. Mas é fundamental que os demais atores do trânsito tenham mais cuidado com o ciclista, que merece sempre nosso respeito e atenção”, disse, em nota, Silvia Lisboa, coordenadora do Movimento Paulista de Segurança no Trânsito, programa do governo para redução de mortes no trânsito.
Para a diretora da Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo – Ciclocidade, Aline Cavalcante, a lógica que relaciona a ampliação do número de ciclistas ao aumento das mortes em acidentes é errônea. Segundo ela, esse aumento tem a ver com a diminuição da fiscalização do trânsito. “Todos os dados internacionais, mesmo dados do município aqui de São Paulo e várias outras cidades do Brasil, demonstram que a relação é exatamente inversa: a medida em que se aumenta o número de ciclistas, você diminui o número de mortes, é inversamente proporcional”, disse.
Ela explicou que, com o aumento de ciclistas, há uma lógica de construir políticas públicas de incentivo a esse meio de transporte e que a cultura da bicicleta faz com que a sociedade comece a prestar mais atenção nesse modal. “Então, quanto mais se aumenta a visibilidade para a bicicleta, menores são as chances de acidentes fatais, a tendência é diminuir com o tempo”, acrescentou.
Aline destacou que é necessário ampliar não somente a malha de ciclovias e ciclofaixas, que em geral são responsabilidade das prefeituras, mas desenvolver, em nível estadual, políticas públicas de mobilidade entre cidades, especialmente na região metropolitana. “[Precisamos de] infraestrutura cicloviária nas rodovias, redução de velocidades em locais onde tem acesso a cidades e integração com transporte de massa [metrô, trem e ônibus intermunicipais]”, avaliou.
Mortes no trânsito – No mesmo período, o número de mortes em acidentes de trânsito no estado, em geral, registrou queda de 7,1%, passando de 1.298 para 1.206 ocorrências. Somente em março, foram 445 mortes ante 473 no mesmo mês do ano passado, ou seja, redução de 5,9%.
Nas vias municipais, a redução foi mais acentuada, apontou o levantamento. Ruas e avenidas tiveram 581 óbitos no primeiro trimestre, queda de 11,4% em relação a 2017, quando foram registrados 656 casos. Já nas rodovias que cortam o estado, foram registradas 512 mortes, redução de 3,6% ante o ano anterior, que teve 531 casos.
Os motociclistas lideram as estatísticas de mortes, no entanto, houve redução de 6,8% entre janeiro e março – 412 mortes neste ano ante 442 em 2017. Entre pedestres, também houve queda no número de mortes: foram 337 casos em 2018 contra 377 no ano passado, ou seja, redução de 10,6%. Ocupantes de automóveis aparecem na terceira posição, com redução de 0,7% (275 óbitos contra 277).
Fonte: Agência Brasil, por Camila Boehm, com edição de Amanda Cieglinski