Foto: André Ramos / MTB Brasília

Lubrificante para correntes Interflon Lube TF

12 de novembro de 2018 Destaques, Notícias, Oficina Mecânica, Peças e acessórios, Testes de Produtos

Fabricante holandês traz para o Brasil um dos melhores lubrificantes do mercado para correntes de transmissão de bicicleta

Lançado há pouco mais de cinco meses no mercado brasileiro, o Lube TF, da marca holandesa Interflon promete reunir em um único lubrificante características otimizadas para todo tipo de terreno e condição climática, protegendo a corrente da oxidação e do desgaste, além de não atrair sujeira.

Desde seu lançamento, venho testando o novo lubrificante nas mais diversas condições, tanto em bicicletas de estrada quanto MTB. Confira abaixo os resultados:

Apresentação – Composto por uma mistura de óleos minerais e vegetais, solventes e aditivos, o Interflon Lube TF é comercializado em frascos de 25 e 120ml. Ambos os frascos utilizam um bico dosador bem fino, que facilita a aplicação nos roletes da corrente sem desperdício.

Embora seja considerado um produto novo no mercado de bicicletas, o Interflon Lube TF já é utilizado há um bom tempo pela indústria pesada como uma solução em lubrificação que apresenta as seguintes características, de acordo com o fabricante:

Lubrificação seca, sem a aderência de sujeira
Excelente proteção contra corrosão e desgaste
Facilidade de remoção durante a manutenção
Melhor resistência à água (salgada) e oxidação
Boas propriedades de penetração

O lubrificante para bicicletas da Interflon apresenta-se como um óleo do tipo ‘seco’, de uso polivalente em quaisquer condições de clima e umidade, dispersando a água e evitando a aderência de sujeira e terra, graças ao uso de um aditivo especial em sua fórmula, o MicPol®, tecnologia proprietária que cria uma película de longa duração similar ao Teflon®, que reduz o desgaste das partes móveis.

Na prática, o uso deste aditivo permitiu a utilização de um óleo-base menos viscoso, que penetra rapidamente no interior da corrente, sem desperdício durante a aplicação.

Viscosidade, uma característica de suma importância

Uma das características mais importantes a se considerar na hora de escolher o melhor lubrificante para a corrente de transmissão da bicicleta é sua viscosidade. Basicamente falando, a viscosidade representa a fluidez que o lubrificante apresenta sob determinada temperatura. Assim, óleos mais viscosos são mais grossos, enquanto os menos viscosos são mais fluidos.

Na prática, a viscosidade funciona como uma faca de dois gumes: o produto tem que ser viscoso o suficiente para se manter no interior dos roletes da corrente, de forma a criar uma película protetora entre as partes. Por outro lado, além de não penetrarem corretamente no interior das peças da corrente, podem ainda oferecer resistência à pedalada, interferindo no rendimento da mesma.

Além disso, um lubrificante muito viscoso, principalmente quando incorretamente aplicado, irá atrair para a superfície da corrente todo tipo de impurezas como areia e terra, agindo como uma ‘lixa líquida’ e contribuindo para o desgaste prematuro da transmissão da bike.

Já os lubrificantes menos viscosos penetram mais facilmente na corrente, facilitando sua aplicação, além de atrair menos sujeira. Por outro lado, por ser mais fluido, um óleo menos viscoso tende a ter menor autonomia entre as aplicações.

O teste

Utilizei durante aproximadamente cinco meses o lubrificante Interflon Lube TF – tanto sob a cruel época da seca em Brasília, quanto sob fortes chuvas nos meses de outubro e novembro – em bicicletas de estrada e MTB*, sob praticamente todo tipo de terreno disponível por aqui.

Aplicação – Me chamou a atenção a ergonomia dos frascos, de formato curvilíneo que encaixa bem nas mãos, sem o risco de escorregar. O bico aplicador é bem comprido e fino, permitindo uma aplicação precisa sobre a corrente.

O produto penetra rapidamente nos roletes da corrente de transmissão, sem escorrer para o chão, como normalmente ocorre em lubrificantes menos viscosos, o que facilita a sua aplicação.

Infelizmente, a tampa não apresenta a mesma qualidade do frasco, rachando facilmente caso o usuário por descuido a aperte um pouco mais forte (o que foi o meu caso!).

Autonomia e resistência à água – Em condições ideais de uso (em uma bicicleta de estrada equipada com corrente nova e em tempo seco), o Lube TF apresentou uma autonomia de cerca de 150km, similar a alcançada pelo lubrificante a base de cera Smoove e pelo Durablot Max, campeões neste quesito.

Já em trilhas, tanto em transmissões novas quanto em minha bicicleta ‘de combate’ (com a corrente na metade de sua vida útil), a autonomia da aplicação variou entre 60 a 90km. Em condições de chuva forte, a autonomia caiu sensivelmente, mantendo entretanto as características de proteção ao metal: deixada deliberadamente para secar ao ‘natural’ após a pedalada, a corrente não apresentou sinais visíveis de oxidação.

Proteção contra oxidação – Para conferir as propriedades anti-corrosivas do Interflon Lube TF, simulei em ambiente de oficina uma oxidação forçada em um pedaço de corrente de transmissão, previamente limpo e desengraxado. Cada elo externo de uma corrente de aço inoxidável teve o lado esquerdo coberto previamente com o lubrificante, enquanto que o lado direito permaneceu desprotegido para fins comparativos.

Cada elo recebeu a aplicação a seguir de uma mistura composta por ácido acético, hipoclorito de sódio, sal e água, de forma acelerar o processo de corrosão. Após algumas horas, a corrente ficou completamente enferrujada, exceto na área onde foi aplicado o lubrificante, conforme foto abaixo:

Acúmulo de resíduos – Um dos principais destaques do óleo para correntes da Interflon é sua capacidade de manter a corrente em bom aspecto, sem acumular detritos ou outros elementos que possam degradar a performance da mesma.

Mesmo em situações de lama e barro extremo, o acúmulo de sujeira foi mínimo, se comparado aos tradicionais lubrificantes ‘wet lube‘ disponíveis no mercado.

Laudo técnico

Atuando há mais de 40 anos no mercado brasileiro de indústria pesada, a Interflon encomendou ao Laboratório de testes do Senai um comparativo envolvendo os lubrificantes para bicicletas mais populares do mercado.

Para isto, foram realizados dois tipos de testes, que simulam tanto aseu uso em condições extremas quanto o nível de proteção contra desgaste por atrito.

Four Ball ASTM D-2783 – Este método é um ensaio que avalia as propriedades de extrema pressão do lubrificante, utilizando uma esfera de aço que gira na parte superior a 1760 rpm sobre outras 3 esferas, que estão imóveis em uma cuba de teste recoberta com o óleo. O teste é realizado aumentando a carga progressivamente até ocorrer a soldagem entre as esferas.

Na tabela abaixo, verifica-se que foram necessários 400 ciclos de carga para que ocorresse a soldagem das esferas com o lubrificante da Interflon.

Four Ball Wear “mm” (desgaste 4 esferas) – Este teste avalia a capacidade de um óleo lubrificante para proteger o equipamento contra o desgaste. Para isto, após o ensaio, mede-se o diâmetro das escoriações sofridas pelas esferas em (mm).

Como resultado, as esferas embebidas no Lube TF tiveram uma redução de 0,35mm, valor inferior às amostras com o lubrificante a base de cera Squirt (0,58mm):

	Squirt Dry Lube	Finish Line	Interflon Lube TF	Interflon Lube EP+
Four Ball Weld Load	100	126	400	250
Four Ball Wear Load	0,58	0,85	0,35	0,45

Conclusão – Mesmo utilizado nas piores condições de uso, Interflon Lube TF provou ser um produto quase perfeito: ótima autonomia e eficiência, baixo atrito, e acúmulo mínimo de detritos, resultado raramente visto em outros lubrificantes, perdendo sua performance apenas em condições de chuva extrema.No geral, um excelente produto. Recomendadíssimo!

Preço e disponibilidade – Disponibilizado em frascos de 25 e 120ml, o lubrificante Interflon Lube TF é distribuído no Brasil com exclusividade pela Calypso e pode ser encontrado nas melhores lojas de bicicletas do país ao preço sugerido de R$ 41,90 (frasco de 25ml) e R$ 125,90 (120ml).