Marcelo Florentino Soares, o Mixirica, vai disputar a Race Across America em busca do recorde solo da prova
Depois de atravessar a Rússia três vezes – conquistando a medalha de bronze na Red Bull Trans Siberian Extreme -, o paulista Marcelo Florentino Soares, o Mixirica, se prepara para mais uma ultramaratona de ciclismo. Desta vez ele vai cruzar os Estados Unidos de oeste a leste em um percurso de quase 5 mil quilômetros na disputa da Race Across America. Conhecida como uma das provas de ultraciclismo mais duras do planeta, terá largada no dia 11 de junho na Califórnia, com chegada em Annapolis, cruzando 12 estados americanos. O recorde da categoria solo é de 7 dias, 15 horas e 56 minutos e foi batido pelo austríaco Cristoph Strasser, em 2014.“Essa é uma prova que eu sempre quis participar. No início queria ir com uma equipe, mas as coisas foram evoluindo e acabei virando ciclista solo. Mas não é por que eu já participei de provas mais longas que esta vai ser fácil, pelo contrário. Na Rússia, por exemplo, eram várias etapas, sendo a mais dura com 1368 km de distância e 12 mil metros de altimetria acumulada. Agora nos EUA vai ser uma etapa só com 5 mil km”, disse ele.
Os treinos para a Race Across America são intensos. Mixirica pedala cerca de 200 km por dia pelas ruas e ciclovias de São Paulo e, em paralelo, faz treinos físicos específicos para a bike, além de participar de competições de speed e de MTB. Para ajudá-lo na preparação, ele conta com uma equipe formada por nutricionista, preparador físico, massoterapeuta, mecânico, fotógrafo e assessoria de imprensa, que deverão estar com ele nos EUA.
Na RAAM todos os atletas precisam ter uma equipe de apoio, que, além de fazerem a navegação e traçar toda a estratégia da corrida, ainda ficam responsáveis pela alimentação, manutenção da bike e demais cuidados com o atleta. Por este motivo esta é uma prova muito cara e para arcar com todos os custos Mixirica está fazendo uma vaquinha virtual, que pode ser acessada aqui.
“A maior dificuldade em uma prova como essa é a falta de sono, tanto para o atleta, que chega a pedalar 20 horas por dia, quanto para o staff, que tem que estar ligado o tempo todo. O ciclista não faz nada sem o staff, que cuida desde a navegação, hidratação, proteção, alimentação até a motivação, já que após quatro ou cinco dias ele mal consegue raciocinar”, disse Mario Sanchez, preparador físico.
“O Mixirica é fora do normal. Criou uma adaptação de vida diferente de atletas profissionais. Se você o chamar para um pedal de mil quilômetros sem apoio ele topa na hora. Por isso acredito que ele consiga quebrar o recorde da prova, mas nos 12 dias possíveis de pedal muita coisa pode acontecer”, concluiu ele, que irá para a sua oitava RAAM como chefe de equipe.
Além da longa distância, a corrida tem outros grandes desafios, começando no segundo ou terceiro dia, com temperaturas que podem chegar aos 50 graus no deserto. Em seguida vem a subida das montanhas do Colorado, que chegam a 3.000 metros de altitude. Depois disso o relevo melhora, mas o vilão passa a ser o vento contra. E para terminar o ciclista ainda tem que encarar os Montes Apalaches, uma cadeia de montanha muito íngreme.
Pedal de 12h em Cabreúva – Como parte da preparação para a RAAM, Mixirica vai pedalar por 12h consecutivas na região de Cabreúva, no próximo dia 16 de fevereiro. Será possível acompanhá-lo em três percursos diferentes, com 40 km, 45 km e 50 km, saindo sempre do Empório Uai. O pedal terá carro de apoio com mecânico e água ao custo de R$ 50,00 por pessoa.
Serviço
Pedal com o Mixirica em Cabreúva
- Quando: 16/2
- Horário: Saídas às 7h, 9h e 11h
- Onde: R. Conselheiro Rodrigues Alves de Melo, 12, Centro, Cabreúva
- Quanto: R$ 50,00 por pessoa com carro de apoio
Sobre o Mixirica
O amor pela bicicleta vem desde pequeno, quando Mixirica fugia de casa para ir andar no Parque do Ibirapuera, na zona sul da capital paulista. Aos 13 anos desceu a serra do Mar com destino à Santos e viu que o esporte poderia mudar a sua vida. De lá para cá as aventuras ficaram mais longas e tinham como destino outros estados como Rio de Janeiro e Santa Catarina.
Em 2015, bateu o recorde de travessia entre o Monte Caburaí e o Chuí. Foram 10.332 quilômetros percorridos em 57 dias, 22 dias a menos que o antigo recorde. Desta travessia veio o convite para o seleto grupo de ultraciclistas que disputariam a Red Bull Trans Siberian Extreme em 2016. Ele participaria ainda mais duas vezes da competição russa, conquistando o bronze nas três edições.
De origem humilde, chegou a catar latinhas e trabalhar na ciclofaixa para seguir pedalando. Para participar das competições contou sempre com o apoio dos amigos, seja para comprar passagem, com uma bicicleta emprestada ou com os gastos da viagem.