Primeira competição exclusiva de gravel no Brasil reuniu no sábado (27) um total 100 atletas de cinco estados brasileiros e quatro países em Botucatu (SP)
A Brasil Ride escreveu um marco na história do ciclismo brasileiro neste fim de semana. Na tarde de sábado (27), foi realizada a primeira prova exclusiva de gravel do país, a Diverge Gravel Race Brasil Ride. Ciclistas quatro países (Brasil, EUA, França e Portugal) e cinco estados brasileiros (Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo) competiram pelas estradas de terra e de asfalto da Cuesta Paulista, entre Botucatu (SP) e Pardinho (SP).O título na geral ficou com João Paulo Firmino, que cruzou a linha de chegada em 1h58min14seg, após percorrer 65 km. Já a mulher mais rápida foi Victoria de Sá, em 2h29min43seg. Porém, todos os atletas que completaram o percurso puderam sentir-se vencedores, por terem feito parte de um momento ciclístico único no país.
Ao lado do João Paulo Firmino, estiveram no pódio da geral os ciclistas Anderson Molinari e Renan Silva, em segundo e terceiro lugares, respectivamente. “Eu conhecia uma parte boa do percurso, porque estou competindo no Festival Brasil Ride todos os anos. Treinei bastante com a bike de gravel e não tive nenhuma surpresa até garantir a vitória. Abri uma vantagem no início, logo no segundo quilômetro, e aí fui sozinho até o fim, com pista limpa. Administrei bem e estou muito feliz pela vitória”, avaliou João Paulo Firmino, ciclista de Batatais (SP).
“O legal da gravel é misturar os tipos de terreno. Você está na terra, no meio do mato, e de repente vai para a estrada, e a velocidade aumenta. A paisagem muda a todo tempo”, completou João Paulo Firmino, ciclista que guarda com muito carinho o título de campeão da etapa de Campos do Jordão (SP) da Claro 100k da Brasil Ride, em 2010, uma das primeiras competições realizadas pela principal agência promotora de eventos de ciclismo no País.
Primeiro campeão mundial de mountain bike, em 1990, o norte-americano Ned Overend foi o padrinho da Diverge Gravel Race Brasil Ride. Aos 63 anos de idade, Ned mostrou que está em forma de garoto, concluindo a corrida em quinto lugar no geral, além de vencer na categoria por idades.
“Foi um ótimo percurso e um evento excelente. Um belo começo para as provas de gravel no Brasil. Foi competitivo. Diversos tipos de terreno. Partes de areia bastante desafiadoras, depois trechos de alta velocidade em descidas. O cenário era bonito. A cultura nos EUA é essa, mais de diversão. Pode até ser difícil concluir a prova, mas a atmosfera é de colaboração e de curtir a corrida”, contou o convidado especial.
Fundador da Brasil Ride, Mario Roma não escondeu a satisfação de ter feito sua estreia após 15 anos organizando provas de ciclismo. “Descobri que é muito legal competir na Brasil Ride. É duro, me cansei bastante e confesso que é mais fácil quando você está do lado de fora. Eu completei o percurso bastante animado. Foi bom demais. Competindo você percebe as coisas de outra forma, desde a marcação do percurso até a harmonia entre os ciclistas. Adorei a experiência e quero mais. A Gravel Race foi realmente o que nós queríamos. O espírito é muito bacana”, comentou o sorridente Roma, vencedor em sua categoria.
Do asfalto para a terra – Triatleta de longas distância, Leonardo Mello dá os primeiros passos para fazer a transição entre o asfalto e a terra. Na Diverge Gravel Race Brasil Ride, ele fez sua segunda prova off-road. “O que me chamou atenção foi o ambiente familiar, que nos deixou muito relaxados para pedalar. Foi uma experiência nota 10. A organização tem todo mérito nisso, porque promoveu um evento que nos fez sentir bem. Atenção dada aos ciclistas, percurso preparado nos mínimos detalhes. Acho que a distância foi perfeita. Não desgastou tanto e deu para fazer bastante força”, comentou o ciclista, que tem a ultramaratona Brasil Ride na Bahia como objetivo no segundo semestre, e está inscrito também para o Festival Brasil Ride, em junho.
Palavra de especialista – Campeã de inúmeras provas do MTB brasileiro e atualmente treinadora, Adriana Nascimento foi uma das ciclistas que marcaram presença na Diverge Gravel Race. “Sempre que tem modalidade nova eu gosto de testar para saber a realidade e informar as pessoas sobre a diferença em relação aos outros estilos. Achei a gravel divertida demais. Bicicleta versátil e, na minha estreia, estava um pouco insegura, mas da metade para o fim fui me soltando. Nas descidas, é como se você estivesse com uma mountain bike. A bike te dá estabilidade e velocidade para andar no estradão. Gostei demais da experiência”, disse Adriana, segunda no feminino geral e campeã por idade. “Senti o clima de descontração. Quem tem gravel, atualmente, são pessoas menos envolvidas em competitividade. Acredito que esse seja o segredo”, completou.