24 de novembro de 2024
Magura MT Trail SL Carbon
Foto: André Ramos / MTB Brasília

Freios Magura MT Trail SL Carbon

Modelo de alta performance combina pinças de dois e quatro pistões para proporcionar frenagens precisas e controladas em trilhas de alto nível técnico

Pioneira no desenvolvimento de freios hidráulicos para bicicletas, a Magura disponibiliza uma variedade de modelos para utilização em MTB incluindo o MT Trail SL Carbon, cujo principal diferencial é possuir quatro pistões de acionamento das pastilhas no freio dianteiro e dois no traseiro.

A curiosa configuração do MT Trail surgiu após a constatação por parte de funcionários da marca alemã que, ao combinar em suas bicicletas o modelo de quatro pistões MT7 na roda dianteira com o freio MT8 de dois pistões na traseira, houve um equilíbrio entre o poder de frenagem com a modulação necessária em trilhas de alto nível técnico.

Magura MT Trail SL Carbon

O sucesso da combinação acabou sendo encampado pela própria Magura, que afirma que a diferença entre a força de atuação do freio dianteiro com a atuação mais progressiva do caliper de dois pistões do freio traseiro funciona como um equalizador na tração das rodas, evitando o travamento e reduzindo o espaço de frenagem.

Foi para conferir se de fato esta combinação faz a diferença que instalamos em nossa bike de testes o Magura MT Trail SL Carbon, cujo teste você confere abaixo.

Construção e acabamento – Logo ao abrir a embalagem percebe-se não se tratar de um freio comum, mas de um dos exemplos de obra prima da engenharia alemã, sem nenhum risco de exagero.

Magura MT Trail SL Carbon
Foto: André Ramos / MTB Brasília

As manetes, bastante ergonômicas, são construídas em fibra de carbono e podem ter sua distância em relação ao guidão  facilmente ajustada mediante uma chave allen de 3mm. O corpo do freio também é construído em composite, sendo que as levíssimas abraçadeiras, em carbono injetado, são fixadas ao guidão através de um par de parafusos torx T20 a um torque máximo de 4Nm. A ideia, de acordo com o fabricante, é que os freios fiquem firmes no lugar, mas que possam rotacionar no guidão em caso de queda, evitando assim danos aos componentes.

Magura MT Trail SL Carbon

Como tanto o freio dianteiro quanto o traseiro utilizam o mesmo modelo de manete e cilindro-mestre, foi necessário o emprego de pistões de menores dimensões no caliper dianteiro, de forma deixar ambas as manetes com o mesmo curso e modulação.

Esta solução exigiu entretanto o uso de pastilhas diferentes para os freios dianteiro e traseiro. Na parte frontal da bicicleta, o uso de quatro pequenas pastilhas distribui melhor a carga aplicada pelos pistões, enquanto que a pinça traseira utiliza pastilhas retangulares convencionais.

Magura MT Trail SL Carbon
Foto: André Ramos / MTB Brasília

Para potencializar a performance de seus freios, a Magura recomenda o uso de rotores da mesma marca, o que fiz instalando na bike discos Storm CL de 180mm (dianteiro) e 160mm na roda traseira.

Especificações técnicas

Utilização Trail, All Mountain, Enduro, e-MTB
Peso Dianteiro: 240 gramas / Traseiro: 220 gramas
Cilindro-mestre Carbotecture SL, Flip-Flop-Design
Manete Blade1-Finger HC, Carbon
Acionamento Hidráulico
Fluido Royal Blood (óleo mineral proprietário)
Sangria EBT (Easy Bleed Technology)
Ajuste de distância das pastilhas Não
Ajuste de altura da manete Sim, via chave allen 3mm
Números de pistões Dianteiro: 4 / Traseiro: 2
Mangueira Magura DiscTube
Ajuste de banjo Sim
Montagem PM/IS

Instalação – Simples de instalar e razoavelmente fácil de regular, os freios Magura MT Trail vendidos de forma avulsa já vem sangrados de fábrica, bastando portanto instalar as manetes e pinças e rotear corretamente os cabos.

Durante a instalação, foi cumprida rigorosamente as especificações de aperto de cada parafuso, com atenção especial às abraçadeiras das manetes, cujo torque dos parafusos não deve exceder 4Nm. Para a instalação dos rotores, foi utilizado adaptadores que os acompanham, em um troque de 40Nm.

Magura MT Trail SL Carbon
Foto: André Ramos / MTB Brasília

No caso dos freios que testei, por ter que devolvê-los ao representante da marca após o uso, optou-se por não encurtar as mangueiras. Isto resultou em um aspecto ‘poluído’ na parte dianteira da bicicleta, que foi parcialmente disfarçado prendendo as mangueiras dos freios junto aos conduítes de marcha.

A distância das manetes em relação ao guidão foi realizada através de um parafuso localizado em suas bases com o auxílio de uma chave allen 3. Embora alguns ciclistas questionem a falta de um sistema de ajuste externo que dispense ferramentas, a verdade é que, uma vez realizado, pouquíssimas pessoas ficam alterando a sua regulagem. Além disso, o uso de um parafuso no lugar de um dial resulta em um peso final reduzido.

Magura MT Trail SL Carbon
Foto: André Ramos / MTB Brasília

Já a regulagem do alinhamento do caliper dianteiro com seu rotor deu um pouco mais de trabalho que nos freios de pinça simples que estou acostumado a usar. Alinhar as quatro pastilhas ao mesmo tempo que se usa um adaptador para discos de 180mm exigiu a paciência de um monge tibetano, algo que eu confesso não estar muito acostumado. Após conseguir reduzir o arrasto a um mínimo quase imperceptível, o próprio freio se auto ajustou após as primeiras voltas, reduzindo o drag a zero.

Logo após a instalação, procedi com o processo de burn-in das pastilhas e dos rotores, de forma potencializar seu uso. Esse processo, já descrito em um artigo publicado aqui no MTB Brasília, é praticamente obrigatório para otimizar o uso dos freios e deve ser efetuado tanto em freios novos quanto após a substituição das pastilhas e/ou rotores.

A diferença de comportamento dos freios antes do burn-in é brutal! De um comportamento até pouco convincente durante as primeiras frenagens, os freios da Magura passaram a se comportar com uma performance dificilmente alcançada por freios topo de linha de marcas concorrentes.

Após o período de queima, vamos às primeiras impressões, agora nas trilhas…

O teste

Logo nas primeiras impressões percebe-se que o freio dianteiro é muito mais potente que o traseiro. Após habituar-se ao seu comportamento, isto acaba por ser uma vantagem, utilizando a pinça dianteira para promover uma rápida desacelerada antes de encarar um trecho mais técnico da trilha, ao mesmo tempo que mantém a roda traseira em contato com o solo, sem derrapagens indesejadas.

Magura MT Trail SL Carbon
Caliper traseiro do Magura MT Trail SL Carbon – Foto: André Ramos / MTB Brasília

Isto é particularmente interessante para adeptos do MTB All Mountain/Enduro, onde a combinação de potência e modulação poderá fazer a maior diferença durante as descidas mais íngremes. Já para ciclistas de fins de semana ou que preferem os estradões aos singletracks, as vantagens do MT Trail poderão ser pouco perceptíveis.

Pessoalmente gostei muito da ergonomia da manete de carbono do MT Trail. Desenhadas para acomodar até dois dedos, podem ser acionadas com apenas um dedo, possibilitando assim estar sempre pronto para ser acionada, mesmo firmemente agarrado à manopla do guidão. Em todas as situações de frenagem, foi necessário um mínimo de esforço para acionar os freios, sem nenhum tipo de fadiga nas mãos.

Magura MT Trail SL Carbon
Foto: André Ramos / MTB Brasília

Em terreno seco, os freios da Magura funcionaram de forma silenciosa e impecável. Como ainda estamos em época da seca em Brasília, não foi possível avaliar a performance dos freios e suas respectivas pastilhas sob chuva, embora após uma travessia em um pequeno córrego, o ruído tenha aumentado significativamente por algum tempo.

Devido ao pouco tempo de uso, não foi possível detectar o nível do desgaste das pastilhas.

Manutenção – Os novos freios Magura utilizam a tecnologia de sangria EBT (Easy Bleed Technology), que utiliza duas seringas para a operação. Embora mais fácil de ser realizada que nos modelos mais antigos da marca, o procedimento ainda está longe de ser tão simples como nos freios da Shimano. Além disso, para não ter sua garantia de 5 anos violada, a sangria só poderá ser realizada por mecânicos certificados pela marca, que só assim poderão adquirir insumos como fluido de freio, pastilhas, mangueiras e terminais.

De acordo com a distribuidora da marca no Brasil, uma maneira de se obter a qualificação é através dos cursos da Escola Park Tool, que possui módulos de aprendizagem específicos para freios Magura.

Freios Magura MT Trail SL Carbon

Potência de frenagem
Modulação
Material e acabamento
Peso
Manutenção
Custo x benefício

Ótimo

Combinação eficiente de poder de frenagem com a modulação exigida em trilhas mais técnicas

Pontos positivos

  • Alto poder de frenagem e modulação
  • Ergonomia das manetes
  • Garantia de cinco anos contra vazamentos
  • Leve

Pontos negativos

  • Necessita de uma chave allen para ajuste da manete;
  • Preço

Sobre o autor

André Ramos é editor do website MTB Brasília
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