Estudo inédito da Aliança Bike registra que, entre janeiro e junho deste ano, foram importadas 7.427 bicicletas elétricas, número equivalente a 64% das importações do ano passado
Como parte das ações do mês da mobilidade (setembro) e contando com dois levantamentos inéditos sobre este mercado no Brasil, será lançado na próxima quinta-feira (03/09) o Caderno Técnico de Bicicletas Elétricas. Desenvolvido por Aliança Bike e Labmob/UFRJ, coordenado pela Multiplicidade e contando com apoio do Itaú, o estudo traz dados atualizados sobre o mercado de bikes elétricas no país: foram 25 mil unidades comercializadas no ano passado e crescimento médio de 34% ao ano entre 2016 e 2019. O lançamento irá acontecer totalmente online, a partir das 10h, e para participar é necessário se inscrever neste link.Para 2020, mesmo com os impactos causados pela pandemia do novo coronavírus, os dados apontam um crescimento contínuo e sustentado. Entre janeiro e junho deste ano foram importadas 7.427 bicicletas elétricas, número equivalente a 64% das importações em 2019. Na média mensal de importações, o número é 28% superior ao ano anterior. Soma-se a este número a produção e montagem, entre janeiro e junho, de 8.350 bicicletas elétricas (2.409 na Zona Franca de Manaus e 5.941 no resto do país). A projeção para 2020 é de 32 mil bicicletas elétricas.
“O estudo consolida uma metodologia mais assertiva para determinar o tamanho do mercado de bicicletas elétricas no Brasil. Com isso, todo ano o número poderá ser atualizado, constituindo uma importante série histórica”, afirma Glaucia Pereira, coordenadora executiva do Caderno Técnico.
O levantamento apresentado no Caderno Técnico, realizado por meio da coleta de dados primários e secundários, conta com um estudo inédito com mais de 400 usuários deste meio de transporte. Os resultados desta pesquisa apontam uma forte migração do uso do carro para o da bicicleta elétrica: 56% das pessoas que a utilizam para trabalhar ou estudar costumavam se deslocar de automóvel (mais informações estão abaixo).
“Os resultados da pesquisa confirmam o potencial da bicicleta elétrica em substituição ao carro, que hoje é um símbolo das equivocadas escolhas que muitas cidades adotaram como prioridade para a mobilidade urbana”
“Os resultados da pesquisa confirmam o potencial da bicicleta elétrica em substituição ao carro, que hoje é um símbolo das equivocadas escolhas que muitas cidades adotaram como prioridade para a mobilidade urbana. Além dos benefícios aos ciclistas que são inerentes ao uso da bicicleta, há também as vantagens diretas para as cidades, inclusive orçamentárias, no estímulo a este meio de transporte saudável e não poluente”, explica Daniel Guth, diretor executivo da Aliança Bike.
O Caderno Técnico de Bicicletas Elétricas é a primeira publicação da coletânea Mercado de Bicicletas no Brasil, que terá ainda outras três edições: Produção e Montagem, Comércio Varejista e Importação, Exportação e Distribuição, sempre contando com a Aliança Bike e o Labmob/UFRJ, como coordenadores, e o Itaú como apoiador.
Confira abaixo outros dados relevantes desta edição:
Impostos das bicicletas elétricas
A carga tributária é, sem dúvidas, um dos principais entraves para o avanço do mercado de bicicletas elétricas no Brasil. Na parte fiscal, as e-bikes são equiparadas a ciclomotores e não a bicicletas convencionais. Ao todo, os impostos relacionados a este meio de transporte alcançam 85% do custo final.
O IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), por exemplo, tem alíquota de 35% – enquanto que o de bicicletas convencionais é de 10%. A Aliança Bike, inclusive, tem neste tema uma de suas principais frentes de trabalho: a entidade desde 2018 apresentou um pleito junto ao governo federal para equiparação do IPI das bicicletas elétricas com as bicicletas convencionais.
“A demanda já está na esfera do poder executivo. Tanto a Receita Federal quanto a Secretaria de Desenvolvimento da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação emitiram parecer favorável ao pleito. Agora o assunto está na mesa do Ministro da Economia para que seja tomada a decisão final”, comenta Victor Hugo, CEO da Vela Bikes e um dos coordenadores do Grupo de Trabalho de Bicicletas Elétricas da Aliança Bike.
O IPI de bicicletas elétricas está entre os mais altos do país, sendo superior às alíquotas de uísques (30%), bombas e granadas (20%), charutos (30%) e automóveis entre 1.0 e 1.5 cilindradas (13%).
De acordo com o levantamento, 90% dos ciclistas que utilizam bicicleta elétrica acreditam que o preço mais acessível faria com que mais pessoas comprassem bicicletas elétricas.
Perfil de quem utiliza bicicletas elétricas
O Caderno Técnico de Bicicletas Elétricas conseguiu traçar um perfil das pessoas que utilizam este tipo de meio transporte – seja para lazer ou para locomoção diária. Os dados completos estarão disponíveis no material que será lançado na próxima quinta. Abaixo a Aliança Bike destaca alguns números.
- Os dados da pesquisa apresentam 76% ciclistas do gênero masculino e 23% feminino. Quanto à raça/cor, 74% declaram-se brancos, 13% pardos, 1% pretos, 5% amarelos e 6% preferiram não responder esta pergunta.
- A maior parte declarou renda familiar entre 5 e 10 salários mínimos (27%), seguido da faixa de mais de 10 salários mínimos (22%). Os respondentes têm em média 42 anos, sendo que as idades variaram entre 22 e 79 anos. São de 19 Estados do Brasil, sendo a maioria residente da região sudeste (74%), e 61% de toda a amostra residente no Estado de São Paulo.
- 59% dos entrevistados usam a bicicleta elétrica para se deslocar até o local de sua atividade principal – trabalho ou estudo. Destas, 56% antes usavam o automóvel, 21% o transporte coletivo e 14% a bicicleta convencional. Este resultado confirma o potencial substituidor da bicicleta elétrica, atraindo principalmente pessoas que hoje se locomovem de automóvel.
- 41% das pessoas entrevistadas não usavam, até então, a bicicleta convencional na cidade, para qualquer finalidade. Ou seja, a cada dez novas bicicletas elétricas comercializadas, as cidades ganham quatro novos ciclistas.
- 80% dos respondentes compraram ou alugaram a bicicleta elétrica a partir de 2018. E 48% testaram uma bicicleta elétrica em uma loja antes de fazer a compra.
- 15% declaram ter investido até R$ 3.000, 61% desembolsaram entre R$ 3.001 e R$ 6.000, 10% entre R$ 6.000 e R$ 9.000, 4% mais de R$ 9.000 e 10% declaram não lembrar ou preferiram não responder a esta questão.
- Sobre os aspectos que desmotivam o uso da bicicleta elétrica, 50% dizem que ‘não ter ciclovias e ciclofaixas suficientes’, seguido de 43% que declararam ‘não ter lugar adequado para prender ou deixar a bicicleta’.
- Sobre os motivos para começar a usar uma bicicleta elétrica, 32% responderam ‘suar ou cansar menos’, seguido de ‘enfrentar subidas mais facilmente’ (23%) e chegar mais rápido (18%).
- 87% sentem melhora na qualidade de vida após começarem a usar bicicleta elétrica.
- 78% sentem uma relação melhor com a cidade.
- Ao final da pesquisa, perguntados sobre se indicariam a bicicleta elétrica para amigos e familiares em uma escala de 0 a 10 (sendo 0 nunca e 10 com certeza), a média de pontuação foi 9,3. Mostrando uma satisfação muito alta com o uso de bicicleta elétrica nas cidades.
A segunda edição da coletânea Mercado de Bicicletas no Brasil deverá ser lançada no mês de outubro.