Perder-se em uma trilha ou em um percurso de cicloturismo é um risco que pode ser evitado com o uso da moderna tecnologia. Saiba qual dispositivo se adapta melhor às suas necessidades
No Brasil, a grande maioria das trilhas utilizados pelos praticantes do mountain bike não conta com uma infraestrutura mínima de sinalização e orientação. Devido a isto, perder-se em uma trilha desconhecida é um risco que pode ser evitado com o uso da tecnologia moderna, seja através da navegação pelo smartphone, seja mediante a utilização de um dispositivo dedicado.Tipicamente, os smartphones são a primeira escolha, até por uma questão de conveniência. Afinal, a grande maioria das pessoas já possui um smartphone com o ‘basicão’ Google Maps instalado.
Embora esta solução funcione bem nas cidades com boa cobertura 4G, nas áreas rurais e remotas sem o seu alcance, o risco de ter a navegabilidade prejudicada é um risco real, pois embora a localização por satélite funcione de forma independente, vários recursos do aplicativo são dependentes do sinal de internet.
Já os dispositivos dedicados não tem esse problema, pois não dependem da internet para funcionar, coletando todas as informações necessárias à navegação diretamente da rede de satélites e de arquivos pré-carregados. Por isso, são a opção ideal para quem curte pedalar por trilhas remotas e para quem é adepto do cicloturismo.
Neste artigo, iremos abordar as principais funcionalidades, vantagens e desvantagens de cada uma dessas soluções.
Precisão
Enquanto que a primeira geração de dispositivos de navegação por satélite oferecia uma precisão de cerca de 15 metros – podendo piorar em lugares fechados como cânions e florestas, os novos aparelhos para utilização em ciclismo* oferecem uma margem de precisão de até 1,4 metros:
Marca | Modelo* | Precisão |
---|---|---|
Garmin | Edge 530 | 6,6 metros |
Garmin | Edge 1030 | 4,6 metros |
Lezyne | Mega XL | 1,4 metros |
Wahoo | ELEMNT Bolt | 3,1 metros |
Fonte: Society of Automobile Engineers
Além de utilizar o sistema de satélites GPS (Global Positioning System), os modernos dispositivos contam também com a possibilidade de orientação pelas redes GLONASS (Russa), Galileo (União Europeia) e BeiDou (China), o que aumenta a precisão da navegação e reduz o risco de ‘zonas mortas’, áreas sem a cobertura de satélites ou com o sinal bloqueado por construções e áreas fechadas.
Ao contrário do que possa parecer, os smartphones mais modernos disponíveis no mercado possuem uma precisão bastante acurada, chegando em muitos casos à casa dos 4,9 metros. Entretanto, são mais suscetíveis a interferências como a posição dos satélites, bloqueio de sinal causada por construções e árvores, condições atmosféricas etc.
Atualmente, uns poucos modelos de smartphones contam com recepção de sinal de satélite de outras redes além da GPS, como a GLONAS, a Galileo e a BeiDou. Exceções à regra são os modelos topo de linha Samsung Galaxy S21Ultra e o Apple iPhone 13 Pro Max.
Autonomia
A autonomia de uso de um sistema de navegação por satélites, seja dedicado ou não, depende de uma série de fatores. Via de regra, dispositivos GPS dedicados contam com maior autonomia do que os smartphones. No caso deste último, a durabilidade da carga da bateria irá depender de fatores como: quantos aplicativos estão rodando simultaneamente ao app de navegação, Qual a capacidade da bateria, qual o consumo da tela quando ligada etc. Por outro lado, medidas como colocar o telefone no Modo Avião ou utilizar a navegação com suporte de voz, deixando a tela desligada pode aumentar a autonomia.
Já os dispositivos dedicados não compartilham memória com outros programas e seus displays consomem muito menos energia do que as telas dos smartphones. Alguns modelos, como o Garmin Edge 1030, podem chegar a até 20 horas de uso sem a necessidade de recarga.
Resistência a intempéries
Desenvolvidos especialmente para uso outdoor em condições climáticas adversas, os ciclocomputadores GPS contam geralmente com uma construção mais robusta e resistente à intempéries do que os smartphones.
Dispositivos GPS para bicicletas como os das marcas Garmin, Bryton e iGP Sport contam com certificação IPX7 de resistência à água e à poeira.
Recursos de navegação
Nos smartphones, recursos como roteamento de percursos, informações de altimetria e nível de detalhamento do mapa na tela irão depender basicamente do aplicativo utilizado. O ideal é utilizar programas que trabalhem com importações de mapas off-line, como o OsmAnd e o Sygic GPS e que, uma vez instalados, fornecerão o nível de detalhamento adequado para a região a ser importada.
Alguns modelos de ciclocomputadores GPS mais sofisticados também contam com a possibilidade de se trabalhar com mapas off-line, que aparecem na tela do aparelho por baixo da rota a ser percorrida, proporcionando um maior detalhamento da área e uma experiência de navegação melhorada, principalmente em locais remotos.
O roteamento – capacidade do dispositivo de traçar uma rota de um ponto A para um ponto B – é um dos recursos mais utilizados, tanto nos smartphones quanto nos ciclocomputadores GPS. Em um esporte de velocidade como o ciclismo, a capacidade de se calcular rapidamente um percurso é fundamental para evitar entrar no desvio errado e ter que retornar após vários metros de pedalada. Nesse ponto, os aparelhos dedicados disparam na frente dos smartphones, graças aos seus processadores que trabalham exclusivamente para a tarefa, sem ter que dividir recursos com outros aplicativos.
A precisão dos dispositivos GPS na aferição da altimetria também dá vantagem aos aparelhos GPS, já que nos modelos mais modernos a medição é realizada por um barômetro interno, mais preciso do que a medição por satélite, sujeita a erros de paralaxe.
Smartphone
Pontos positivos
- Múltiplas opções de aplicativos de navegação gratuitos;
- Opção de navegação por suporte de voz;
- Boa precisão em centros urbanos
- Facilidade de uso;
- Custo x benefício.
Pontos negativos
- Pouca autonomia de bateria;
- Baixa resistência à intempéries;
- Menor precisão.
GPS dedicado
Pontos positivos
- Maior autonomia;
- Maior precisão;
- Resistência à chuva e à poeira;
- Maior velocidade de roteamento;
- Compatibilidade com vários sistemas de satélites;
- Altímetro barométrico.
Pontos negativos
- Dependendo do modelo, pode ser mais ou menos difícil de operar;
- Preço.