23 de novembro de 2024
Raiza Goulão
Foto: Ney Evangelista

Raiza Goulão relata participação na etapa brasileira da Copa do Mundo de MTB

Ciclista olímpica brasileira narra sua histórica participação na etapa que marcou o retorno do Brasil ao calendário da Copa do Mundo de Mountain Bike

Petrópolis (RJ) viveu dias históricos neste início de abril, com a realização da Copa Internacional de MTB (CIMTB) e da Copa do Mundo de Mountain Bike.

Nas semanas que antecederam o evento, tive a oportunidade de treinar na pista do São José Bike
Club, sede da prova. Sabia da importância da Copa do Mundo para nós atletas brasileiros e assim
pude fazer dois treinos na pista antes das competições.

Raiza Goulão
Foto: Ney Evangelista

No início, tive alguns bloqueios com os saltos e fui me adaptando a eles. Com as duas competições
realizadas em seguida, dei continuidade ao meu calendário, que teve um mês bem ativo de
competição, praticamente, quase todo final de semana entre início de março até início de abril.

Nós, da Squadra Oggi fizemos juntos um período de concentração, tanto para Copa
Internacional como para a Copa do Mundo. A CIMTB foi um ótimo aquecimento, para ganhar um
pouco mais de confiança, motivação e sentir um pouco do que a gente teria na Copa do Mundo, que
seria o grande evento, o grande dia, como realmente foi no domingo (10/04).

CIMTB – Como sempre no nosso esporte, vivenciamos aquela caixinha de surpresas, né? Não temos controle sobre o tempo e, bem na nossa prova – o XCO para a Super Elite – choveu na hora da largada e em seguida saiu um solzinho no decorrer, o que tornou a pista bem complexa.

Fiz um setup de pneu para o barro e, no meio da prova, acabou que eu conseguia ter vantagens em alguns trechos e desvantagem em outros. Mas, para mim, foi muito legal e importante competir na
prova.

Fiquei em 13° lugar na CIMTB e este foi um resultado que me motivou. Tentei ser um pouco
audaciosa e me foquei em tentar um Top 20 na Copa do Mundo, o que era a minha meta, mesmo
largando lá de trás.

No período entre as provas, fiz apenas uma manutenção, focando na recuperação durante a semana. Não tinha muito o que treinar. Com as mudanças que a UCI fez, para deixar a pista mais segura, acredito que ela me conquistou mais a cada dia, por eu conseguir ter mais confiança e fluir mais. Pude me divertir mais nela, consegui saltar, voar mais. Pude ter essa diversão nos treinos. É claro que, no dia da prova, a gente optou pela opção de ser mais veloz.

Copa do Mundo – O que dizer de uma competição que, no geral, foi incrível para todo mundo que lá esteve presente? Infelizmente não pude largar no Short Track, por eu não ter pontos suficientes entre as 40 melhores atletas inscritas. Mas, no domingo, a energia do público foi algo surreal. Já no treinamento de sábado (9/04), eu pude sentir o clima.

Por estar um pouco mais madura e passar por muita coisa nos últimos anos, foi uma emoção muito
grande. Pude comparar um pouco com as Olimpíadas Rio-2016.

Logo na largada, tive um imprevisto com duas atletas caindo na minha frente. Fiquei, literalmente,
em último lugar. Olhei pra trás e não tinha ninguém. Porém, mantive a calma. E acho que consegui
trabalhar bastante um pouco dessa maturidade nos últimos tempos, entender que tem horas que as
coisas não estão no meu controle.

Foi aí que consegui fazer a diferença. Muitas atletas entraram no nervosismo, queriam fazer força e
eu consegui ir recuperando a cada volta e subindo a posição. Saí da 50a posição e cheguei a estar na
25a. E estava ali pertinho, né, de chegar no Top 20.

Na volta final, tinha três atletas na minha frente, com uma diferença de alguns segundos. Estava na
luta e pensei “poxa, quem sabe chego lá? Mas, infelizmente, no trecho do rock garden o pneu da minha bicicleta explodiu praticamente. Fez um rasgo muito grande, eu fui salva pela proteção do aro.

Querendo ou não, tentei pedalar, mas não consegui e tive que correr bastante até o ponto de apoio
para trocar a roda e após isso terminei na 31ª posição.

O que falar da chegada? Nunca tive uma chegada tão emocionante, mesmo sendo a 31ª colocada.
Foi um resultado expressivo? Não. Fui a melhor brasileira, mas de longe não cheguei na meta, que
era estar lá na frente entre as melhores no geral.

Fiquei muito emocionada após cruzar a linha de chegada. Não sabia muito o que fazer. E aí, minha
equipe ainda preparou uma recepção mais do que especial no estande. Até agora eu estou
deslumbrada!

Estou respondendo até agora, ou melhor, tentando responder todo mundo no Instagram, para
agradecer o carinho. Isso é o que motiva muito, para dar continuidade no calendário em um ano que
está só começando!

Sobre a autora

Raiza Goulão Henrique é ciclista olímpica brasileira especializada no Mountain Bike. Bicampeã pan-americana de MTB Sub-23, representou o Brasil nos Jogos Olímpicos Rio-2016 no cross-country feminino do ciclismo
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